fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vacinas Contra o Mal


Não creias que Deus te honra
Com teus créditos e dons
Para que entendas e sirvas
Somente aos justos e bons.


Honrar as obrigações
Mesmo em luta, anos inteiros,
Sem deixar as próprias cargas
Nos ombros dos companheiros.


Evitar em qualquer tempo
Este desastre comum:
Contentar-se em criticar
Sem prestar auxílio algum.


De gênio perdido em furto,
O irmão Quelidônio Alpaca
Do além quer voltar à Terra
Sofrendo cabeça fraca.


Legenda aos servos do bem
Aos de agora e aos que virão:
Nunca se faça a mistura
De esclerose e tradição.


Não faças aos semelhantes
Seja o que for, onde estejas,
Que em se tratando de Ti,
Não aprovas, nem desejas.

 livro: Coisas deste Mundo, Chico Xavier


 

Na Benção da Vida



 
Mal você acorda pela manhã e muitas preocupações passam a ocupar a sua mente. São tantas as providências que tem a tomar que, muitas vezes, fica atordoado e nem vê o dia acabar.
As coisas mais comezinhas e as mais graves são alvos de sua atenção, ocupando-lhe as horas.
A noite chega e, quando você se dá conta está exausto, extremamente exausto.
Mastiga o jantar enquanto tenta digerir os problemas que ficaram pendentes. Bem, mas agora é só amanhã...
Um banho rápido e cama. Isto é tudo o que conseguirá fazer. Algumas horas de sono e novamente o dia o convida a agir... E lá vai você outra vez.
As horas se sucedem, os dias se vão, os meses se transformam em anos e você passa pela vida sem se dar conta das muitas bênçãos que ela lhe oferece, bem como a todas as criaturas que dividem com você o planeta.
Mas, apesar da indiferença, um novo dia se apresenta para ser vivido. E este dia talvez seja oportuno para você lançar um olhar mais atento ao mundo a sua volta, buscando interagir, de maneira consciente, com essas forças inteligentes.
Descubra o valor das concessões que o Senhor lhe faz pelas mãos da vida e distenda alegria e reconhecimento por toda a parte.
Observe a natureza, abençoando sem cessar, através das próprias forças em movimentos.
Nascem frutas saborosas em árvores cujas raízes se prendem à lama...
Correm brisas leves, entoando melodias suaves, em apertados vales onde cadáveres se decompõem.
Cai o orvalho da noite sobre o solo ressequido e misérrimo, crestado pelo sol.
Voejam borboletas delicadas nos rios de ar ligeiro qual festival de cor flutuante sobre campina pontilhada de flores miúdas.
Desabrocham, além, espécies variadas da flora que o pólen feliz fecunda em todo lugar.
Rutilam constelações no manto da noite salpicando a terra de diamantes preciosos.
Em cada madrugada renasce o sol dourado, purificando o charco, vitalizando o homem, atendendo à flor, sem indagar da aplicação que lhe façam dos raios beneficentes.
Não se detenha e recorde os tesouros com que o bem lhe enriquece o coração, através dos valiosos patrimônios da saúde e da fé, da alegria e da paciência e vá em frente.
Indiferença é enfermidade. Medo é veneno que mata lentamente.
Acenda a luz da coragem na alma, a fim de que você não se embarace nas dificuldades muito naturais que seguem ao lado dos seus compromissos em relação à vida.
Confiança em nossos atos é fortalecimento para a coragem alheia.
Otimismo nas realizações também é aliança de identificação com as esferas superiores.

Você não está no mundo em vão. Aproveite a oportunidade, valorize as bênçãos da vida, difunda gratidão e alegria por onde passar, com quem estiver, com as concessões que possuir, justificando em atos edificantes a sua passagem pela Terra.
Você não é figurante nos palcos da vida terrestre: é protagonista, é lição viva, é peça importante, nessa imensa engrenagem chamada sociedade.
Pense nisso e movimente-se em harmonia com essas forças poderosas e inteligentes que agem por toda parte.
Cap. 'Na bênção da vida', do livro 'Ementário Espírita', de Divaldo Pereira Franco,

Fenômenos Renovadores



A vida é um incessante mecanismo de transformações. Nada permanece inalterável. A mudança é fenômeno natural do processo renovador. Tudo quanto não se renova, morre, impondo um normal efeito de desenvolvimento. O repouso é interpretação equivocada em torno de ocorrências não detectadas.
Desse modo, emoções, organização fisiológica, comportamentos humanos, encontram-se sujeitos aos imperativos de alterações necessárias, variando de acordo com ocorrências, circunstâncias, ocasiões.
Essas alterações na criatura humana procedem de estados diferenciados de consciência, de padrões mentais diversos, de filosofias existenciais variadas.
Conforme se pensa, assim se procede.
A mente, exteriorizando os níveis psicológicos, é responsável pelas atitudes, por expressar a realidade espiritual de cada um.
O processo que precede à ação é de natureza mental. Portanto, tudo quanto se afirma, ou se nega mentalmente, passa a exercer preponderância que se materializa no campo da realidade objetiva.
O cultivo das idéias pessimistas, geradoras de enfermidades e dissabores, angústias e tragédias, deve ser substituído pelos pensamentos saudáveis, produtivos, responsáveis pelos bens da vida.
Ninguém há que se encontre fadado à desdita. Renovando-se, altera-se-lhe a paisagem para o futuro, mediante o que elabore na área dos desejos mentais.
Os teus pensamentos seguem a linha direcional das tuas aspirações. O que anelas na emoção, elaboras na construção mental. Sucederá, portanto, conforme o queiras.
Certamente experimentarás, no transcurso da existência física, provas e expiações, que decorrem de pensamentos e atitudes passadas, ora retornando ao proscênio do ser como mecanismos de reparação, resgate, reeducação.
Houvesses agido de forma diferente e enfrentarias outras situações cármicas.
Não obstante tais efeitos, a lei de renovação propele-te à modificação da estrutura do dias porvindouros, mediante a tua conduta presente.
Revisa, quanto antes, os teus planos de ação. Submete-os a uma análise tranqüila e considera as tuas possibilidades atuais, refazendo programas e estabelecendo metas novas.
Se te parecem corretos, amplia-os. Se te manifestam insuficientes ou perturbadores, corrige-os.
Renova-te, porém, alterando sempre para melhor as tuas disposições de crescimento, seja como for que te encontres.
Não exijas que as pessoas sejam-te iguais, sempre as mesmas, com repetitivos hábitos, expressando-te idênticos sentimentos.
Diante dos afetos que diminuíram de intensidade; dos comportamentos que se alteraram; das situações que sofreram mudanças; dos amigos que fizeram novas opções; do entusiasmo que arrefeceu ou passou para outra área; dos desafios novos, não te insurjas pela depressão ou violência. São fenômenos, estes, de mudança que a vida impõe. Aceita-os com calma e em paz, continuando com os ideais nobres e evoluindo sempre, sem retentivas com a retaguarda nem ansiedades em relação ao futuro.
 A força divina perpassa pela minha mente e meu corpo.
Renasci em situação penosa para treinamento da evolução.
As pessoas são conforme se comprazem, mas, eu sou uma busca perene de harmonia.
 O mal que me fizeram, tornarei um bem para mim. Não era intenção d’Eles estigmatizar -me.

Joanna de Ângelis
Por Divaldo Pereira Franco

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Crises Sem Dor



 


Fáceis de reconhecer as crises abertas.
Provação exteriorizada, dificuldade à vista.
Surgem, comumente, na forma de moléstias, desencantos, acidentes ou suplícios do coração, atraindo o concurso espontâneo das circunstantes a que se escoram as vítimas, vencendo, com serenidade e valor, tormentosos dias de angústia, como quem atravessa, sem maiores riscos, longos túneis de aflição.
Temos, porém, calamitosas crises sem dor, as que se escondem sob a segurança de superfície:
- quando nos acomodamos com a inércia, a pretexto de haver trabalhado em demasia...
- nas ocasiões em que exigimos se nos faça o próximo arrimo indébito no jogo da usura ou no ataque da ambição...
- qualquer que seja o tempo em que venhamos a admitir nossa pretensa superioridade sobre os demais...
- sempre que nos julguemos infalíveis, ainda mesmo em desfrutando as mais elevadas posições nas trilhas da Humanidade...
- toda vez que nos acreditemos tão supostamente sábios e virtuosos que não mais necessitemos de avisos e corrigendas, nos encargos que nos são próprios...
Sejam quais sejam os lances da existência em que nos furtemos deliberadamente aos imperativos da auto – educação ou de auxílio aos semelhantes, estamos em conjuntura perigosa na vida espiritual, com a obrigação de esforçar-nos, intensamente, para não cair em mais baixo nível de sentimento e conduta.
Libertemo-nos dos complexos de avareza e vaidade, intransigência e preguiça que nos acalentam a insensibilidade, a ponto de não registrarmos a menor manifestação de sofrimento, porquanto, de modo habitual, é através deles que se operam, em nós e em torno de nós, os piores desastres do espírito, seja pela fuga ao dever ou pela queda na obsessão

Abstém-se





Abstém-se de fixar as deficiências do companheiro e procura destacar-lhe as qualidades nobres, nas quais se caracterizem de alguma forma.

Examina o bem, louva o bem e estende o bem quanto puderes.

A paz pode passar a residir hoje mesmo em nosso campo íntimo. Basta lhe ofereçamos o refúgio da compreensão e isso depende unicamente de nós.

Se te encontras na condição de peça na engrenagem de hoje, a que se acolhem tantas criaturas aflitas, não te entregues ao luxo do desânimo e, sim, trabalha servindo sempre. É preciso aprender a suportar os revezes do mundo, sem perder a própria segurança.

Haja o que houver, trabalha na edificação do bem e segue adiante.

Dor, na maioria das vezes, é o tributo que se paga ao aperfeiçoamento espiritual.

Dificuldade mede eficiência.

Ofensa avalia a compreensão.

A própria morte é nova forma de vida.

Resiste aos movimentos que tendam a desfibrar-te a coragem e mantém-te de pé na tarefa a que a vida te buscou.

Recorda que tudo se altera para o bem.


Emmanuel - Do Livro: Caminho Iluminado, Chico Xavier.




sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bênção da Chuva



 Bênção da Chuva


Na tarde de 28 de março de 1981, chovia muito em Uberaba.
Pacientemente, Chico esperava que o aguaceiro passasse.
A copa frondosa do abacateiro oferecia precário abrigo para todos os que ali nos reuníamos ávidos por aprender.
A reportagem do programa "Fantástico", da TV Globo, do Rio de Janeiro, filmava tudo de dentro de um carro de aluguel.
Como sempre, várias caravanas de diversos Estados, estavam presentes, notadamente de Curitiba, Paraná.
A chuva amaina e o Sr. Weaker convida-nos ao início da reunião na Vila dos Pássaros Pretos.
A prece, como de hábito, é proferida pelo prof. Thomaz.
Chico toma a palavra e explica que o culto se divide em duas partes: a primeira, dos comentários em torno de uma página do Evangelho; a segunda, "o encontro com os amigos que nos hospedam...".
"O Evangelho Segundo o Espiritismo" convida-nos a examinar o cap. 25, "Buscai e Achareis".
Cada companheiro convidado aos comentários por orientação de Chico, não deve exceder ao tempo de quatro minutos, "para que tenhamos um maior número de opiniões em torno do texto lido".
Uma confreira, fazendo uso da palavra, observa que "é pelo trabalho que caminhamos rumo à conquista do amor"; alguém assinala que o trabalho, conjugado à oração, constitui excelente antídoto contra a tentação; por nossa vez, acentuamos que o trabalho longe de ser uma expiação, é uma bênção de Deus. Gasparetto, também presente à tarefa, destaca o trabalho como terapia; D. Zibia Gasparetto, médium de psicografia que todos admiramos, adverte-nos para o trabalho de nos conhecermos intimamente; Langerton, o amigo de Peirópolis, diz que "o trabalho é a nossa âncora"; Márcia comenta que o "ajuda-te" é mensagem para que tenhamos iniciativa própria e que "o céu te ajudará" traduz a confiança que devemos depositar na providência divina...
Apesar da chuva, os nossos irmãos carentes, entre eles muitas crianças e velhinhos, não arredaram o pé da fila que daí a instantes seria beneficiada com os óbulos da fraternidade, numa demonstração eloquente de que ali estão por necessidade e não por ociosidade, como divulgam alguns adversários da caridade.
Agora, era chegado o grande momento: Chico Xavier, inspirado por Emmanuel, ia falar.
Apesar de completamente ensopados, inclusive o Chico molhara-se um pouco, procuramos colocar-nos na máxima condição de receptividade para ouvir.
Aos beijos do sol, um arco-íris emoldura o templo da natureza.
Chico fala:
"Estamos aqui reunidos, sob a chuva, para nos conhecer com mais segurança. Estamos numa hora de confrontação...Quantos não gostariam de estar trabalhando sob a chuva? Quantos enfrentam o problema da terra ressequida? A calamidade da seca é comparável a dos terremotos. Há mais de dois anos não chovia em sete Estados da Federação. Em João Molevade, Minas Gerais, centenas de operários lidam com o aço em fogo, nas grutas. Eu conheço moças que trabalham em boates para sustentar mães que estão em sanatórios.
...os que trabalham no clima da calúnia, em busca do numerário para obtenção do pão de cada dia...
Nós não vamos esquecer essa chuva como lição-advertência.
Hoje vamos retornar aos nossos lares com um conhecimento mais amplo de uns para com os outros...
Pela primeira vez, há quinze dias, aconteceu um desastre com algumas companheiras nossas quando retornavam a São Paulo, após orarmos no Grupo Espírita da Prece. Muitos, certamente, irão falar...Mas estarão se esquecendo de agradecer os milhares de reuniões, dos dias em que não houve nada...
A chuva é uma amiga que também veio enfeitar o nosso culto, para termos a sensação dos que estão debaixo das pontes, dos casebres, dos andarilhos...Esta, ao meu ver - encerrou o Chico - é a nossa maior lição desta tarde".
Sim, não havia o que reclamar.
E a chuva, na voz de Chico Xavier, transformara-se em lição.
A água das nuvens lavara-nos o exterior, mas a água dos Céus carreara, com o enxurro, mais alguns dos detritos que enodoam as nossas almas.
Chico Xavier



quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Príncipe Sensato



Comentavam os apóstolos, entre si, qual a conduta mais aconselhável diante do Todo-Poderoso, quando o Mestre narrou com brandura:
— Certo rei, senhor de imensos domínios, desejando engrandecer o espírito dos filhos para conferir-lhes herança condigna, conduziu-os a extenso vale verdoengo e rico de seu enorme império e confiou a cada um determinada fazenda, que deviam preservar e enriquecer pelo trabalho incessante.

O Pai desejava deles a coroa da compreensão, do amor e da sabedoria, somente conquistável através da educação e do serviço; e, como devia utilizar material transitório, deu-lhes tempo marcado para as construções que lhes seriam indispensáveis, mais tarde, aos serviços de elevação.
Assim procedia, porque o vale era sujeito a modificações e chegaria um momento em que arrasadora tempestade visitaria a região guardando-se em segurança apenas aqueles que houvessem erguido forte reduto.
Assim que o soberano se retirou, os filhos jovens, seguidos pelas numerosas tribos que os acompanhavam, descansaram, longamente, deslumbrados com a beleza das planícies banhadas de sol.
Quando se levantaram para a tarefa, entraram em compridas conversações, com respeito às leis de solidariedade, justiça e defesa, cada qual a exigir especiais deferências dos outros.
Quase ninguém cuidava da aplicação dos regulamentos estabelecidos pelo governo central.
Os príncipes e seus afeiçoados, em maioria, por questões de conforto pessoal, esmeravam-se em procurar recursos sutis com que pudessem sonegar, sem escândalos visíveis entre si, os princípios a que haviam jurado obediência e respeito.
E tentando enganar o Magnânimo Pai, por meio da bajulação, ao invés de honrá- lo com o trabalho sadio, internaram-se em complicadas contendas, em torno de problemas íntimos do soberano.
Gastaram anos a fio, discutindo-lhe a apresentação pessoal.
Insistiam alguns que ele revelava no rosto a brancura do lírio, enquanto outros perseveravam em proclamar-lhe a cor bronzeada, idêntica à de muitos cativos de Sídon.
Muitos afirmavam que ele possuía um corpo de gigante e não poucos exigiam fosse ele um anjo coroado de estrela.
Ao passo que as rixas verbais se multiplicavam, o tempo ia-se esgotando e os insetos destruidores, infinitamente reproduzidos, invadiram as terras, aniquilando grande parte dos recursos preciosos.
Detritos desceram de serras próximas e fizeram compacto acervo de monturo naquelas regiões, enquanto os príncipes levianos, inteiramente distraídos das obrigações fundamentais que lhes cabiam, se engalfinhavam, a todo instante, a propósito de ninharias.
Houve, porém, um filho bem-avisado que anotou os decretos paternais e cumpriu-os.
Jamais esqueceu os conselhos do rei e, quanto lhe era possível, os estendia aos companheiros mais próximos.
Utilizou grande número de horas que as leis vigentes lhe concediam ao repouso e construiu sólido abrigo que lhe garantiria a tranqüilidade no futuro, semeando beleza e alegria em toda a fazenda que o genitor lhe cedera por empréstimo.
E assim, quando a tormenta surgiu, renovadora e violenta, o príncipe sensato que amara o monarca e servira-o, desvelado e carinhoso, estendendo-lhe as lições libertadoras, pela fraternidade pura, e cumprindo-lhe a vontade justa e bondosa, pelo trabalho de cada dia, com as aflições construtivas da alma e com o suor do rosto, foi naturalmente amparado num santuário de paz e segurança que os seus irmãos discutidores não encontraram.
Doce silêncio pairou na sala singela...
Decorridos alguns minutos, o Mestre fixou os olhos lúcidos na pequena assembléia e concluiu:
— Quem muito analisa, sem espírito de serviço, pode viciar-se facilmente nos abusos da palavra, mas ninguém se arrependerá de haver ensinado o bem e trabalhado com as próprias forças em nome do Pai Celestial, no bendito caminho da vida.

  Neio Lúcio - Do livro: Jesus no Lar, Chico Xavier




 

Felicidade - Agora ou Depois ?




Você costuma afirmar que a felicidade foge de você? Que sempre que você está para conquistá-la, ela se vai, como fumaça ao vento?

Você não será porventura daqueles, como muitos de nós, que coloca a sua felicidade no futuro? Algo que é projetado e que um dia, quem sabe, poderá ser alcançado?

Talvez justamente aí resida a grande dificuldade de ser feliz. Não sabemos apreciar o momento que passa, o que temos, o que somos, onde estamos.

Vejamos. Quando andamos a pé, nossa felicidade está em comprar um carrinho. Não importa o tamanho, a cor, o ano. Importante que rode, que nos leve de um lado a outro, sem longas esperas em terminais de ônibus.

Quando, afinal, conseguimos adquirir o carro e começamos a utilizar, passamos a desejar ter um maior, mais confortável, mais econômico, melhor, enfim. E nisso passa a residir a nossa felicidade.

Sequer nos damos tempo de ficar felizes por termos o primeiro carro. Termos alcançado uma meta.

Quando não temos casa própria, sonhamos com ela. Ficar livres do fantasma do aluguel, podermos, em nossa propriedade, fazer o que desejamos, sem precisar pedir autorização ao proprietário.

Um dia, então, alcançamos o nosso desejo. Eis-nos na casa própria. Em vez de ficarmos felizes, plantarmos um jardim, e ir colocando os pequenos mimos cá e lá, enfeitando nosso cantinho particular, começamos a sonhar com uma casa maior.

Ou, então, em um bairro melhor, com mais comodidades. Afinal, seria interessante que cada membro da família tivesse seu próprio quarto e seu banheiro.

E sonhamos, e sonhamos.

Ora, desejar progredir é próprio do ser humano. Desejar melhorar as condições de vida é natural. Contudo, o que não nos permite sermos felizes, em momento algum, é não valorizarmos a conquista realizada.

E aprendermos que a felicidade não está especialmente em ter coisas, mas em saber dar a elas o seu devido valor.

Mais precioso que o carro, é a possibilidade de andar com as próprias pernas. É ter braços para estreitar, apertar contra o peito quem se ama.

Melhor que a casa onde se reside é gozar da felicidade de um lar, que quer dizer família, lugar de morar, de se expandir, de crescer, de amar e ser feliz.

Eis o segredo da felicidade. Eis porque encontramos seres que nada ou quase nada possuem e sabem sorrir.

Eis porque as crianças, que ainda não entraram no esquema do consumismo, ficam felizes por poder brincar, correr com os amigos.

Elas esquecem se está frio ou calor, se é hora de comer ou de dormir. O importante é gozar até o último momento da brincadeira com os amigos. Por isso, todos os dias, elas nos dizem com seus sorrisos: É possível ser feliz na Terra.

Saúde o seu dia com a oração da gratidão a Deus.

Você está vivo.

Enquanto a vida se expressa, se multiplicam as oportunidades de crescer e ser feliz.

Cada dia é uma bênção nova que Deus lhe concede, dando-lhe prova de amor.

Acompanhe a sucessão das horas, cultivando otimismo e bem-estar.


livro Vida feliz, Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Livro



O livro  edificante é:
Sementeira da Luz Divina,
 aclarando o passado, orientando o presente e preparando o futuro...
(André Luiz. Livro: “Relicário de Luz” – Ed. FEB)


 

sábado, 21 de maio de 2011

Ante o Mundo Melhor




O trabalho será sempre o prodígio do Universo - a força que o entretém, a luz que o eleva.
Observemos junto de nós.
Tudo é trabalho para que a vida se nos transforme na bênção de cada dia.
Trabalha o sol e o mundo se equilibra. Trabalha o mundo e a natureza se renova para que os processos da evolução nos conduzam para o Mais Alto.
A fonte é bondade e a semente faz-se pão porque trabalha servindo.
Refutamos nisso para que o repouso inoportuno não se nos infiltre no espírito por ferrugem destruidora.
No trabalho é que surpreendemos todas as oportunidades de progresso e melhoria a que nos endereçamos.
Aquele a quem servimos é quem realmente nos servirá.
Damos e recebemos. Isso é tão natural quanto plantar e colher.
Por isso mesmo, seja qual seja a condição em que nos achemos, o trabalho é caminho para a ascensão à felicidade justa.
A hora de que dispomos, a pessoa da estrada, o companheiro em serviço, o amigo e o adversário, constituem talentos potenciais que é preciso aproveitar para o bem, a fim de que o bem nos enriqueça de paz.
Não vacileis.
Atendamos aos imperativos do servir e estaremos no clima do obter.
Não há outra via para alcançar os nossos objetivos de ordem superior, senão essa.
O descanso existe por pausa de refazimento e reformulação.
Nada mais.
Recordemos semelhante verdade para que não lhe desrespeitemos a fronteira, caindo na marginalização de nossas melhores forças.

Trabalhar, sim, e trabalhar sempre, porquanto, se tudo quanto existe agora de bom e de belo, aos nossos olhos na Terra, é fruto do esforço de quem agiu e construiu, o futuro, por reino de segurança e felicidade entre as criaturas, tão-somente surgirá por fruto de quem trabalha no presente, atendendo aos apelos do Cristo para que, em nos amando uns aos outros, nos façamos obreiros fiéis e devotados, no levantamento da Nova Era para um Mundo Melhor.
  Batuíra - Do Livro: Seguindo Juntos, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diver


   

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Antípatias



Não olvides que o passado revive no presente.
Quando a aversão te visite o mundo íntimo, à maneira de nuvem, subtraindo-te a paz, lembra-te de que a Divina Misericórdia situou à frente de tua alma a bendita oportunidade da reconciliação, ainda hoje, com os desafetos de ontem.
Qual acontece com o tesouro do carinho amealhado pelo amor, no escrínio do coração, de existência a existência, o espinheiro da antipatia é veneno acumulado pelo ódio no vaso de nossa mente, de século a século, conturbando-nos o caminho.
Recorda que, se o amor nos eleva aos cimos estelares, o ódio nos impele aos vales da sombra e atende à própria libertação, procurando renovar a fonte de teus desejos, em benefício da própria felicidade.
A aversão, quase sempre, destaca-se de improviso, no ambiente mais íntimo de nossa experiência em comum, por desafio à nossa capacidade de auxiliar e compreender.
Assinalando-a no lar ou na vizinhança, em teu círculo de trabalho ou no santuário de tua fé, roga ao Senhor, através da oração, para que as tuas energias se refaçam, de modo que a treva te encontre o sentimento por bênção de luz, exemplificando a fraternidade e o entendimento, o sacrifício e o perdão.
Aconselha-te com a piedade do Cristo, tanta vez revelada, em nosso favor, e compadece-te daqueles que te ensombram a alegria... Ei-los que surgem, a cada hora, na pessoa do familiar que se nos agregou à rede consangüínea, no companheiro de jornada justaposto ao nosso clima, no parente indireto que as circunstâncias nos ofertaram ao templo doméstico, no chefe humano chamado a orientar-nos o serviço, no subordinado trazido à cooperação na obra que o Senhor nos pede realizar...
Alça a própria fé nas asas da boa vontade e ajuda-os quanto possas, de vez que antipatia superada é anexação de mais amor ao campo de nossa vida e mais amor em nossa vida significa mais ampla ascensão de nosso próprio espírito, no rumo da Luz Eterna.
  Emmanuel - Do livro: Inspiração, Médium: Francisco Cândido Xavier


 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Mãos Marcadas



Senhor!
Quando me deres
O privilégio do renascimento
No berçário do mundo, ante as necessidades que apresento
E aquelas que não vejo,
Eis, Senhor, o desejo
Em que dia por dia me aprofundo:
Deixa-me renascer em qualquer parte,
Entretanto, que eu possa acompanhar-te
Onde constantemente continuas
Trabalhando e servindo em todas as estradas
Para que eu também tenha as mãos marcadas
Como trazes as tuas...

Quanta ilusão quando me debatia
Crendo que o desespero fosse prece,
A rogar-te alegria e esperança
Sem que nada fizesse!
Imitava na Terra o lavrador
A temer a pedra e lama, vento e bruma,
Aguardando milagres de colheita
Sem plantar coisa alguma.
Entretanto, Senhor, agora sei
Que o trabalho é divino compromisso,
Estímulo do Céu guiando-nos os passos
E que, atendendo à semelhante lei
Puseste ambas as mãos em nossos braços
Por estrelas de amor e de serviço.

Assim, quando efetues
As esperanças em que me agasalho
E estiver entre os homens, meus irmãos,
Que eu me esqueça em trabalho
E me lembre das mãos...

Não me dês tempo para lastimar-me,
Que eu busque tão-somente a luz que me acenas...
No anseio de seguir-te
Quero o trabalho apenas.

Dá que eu seja contigo, onde estiveres,
Uma rósea de paz... Que eu seja alguém
Sem destaque e sem nome
Que se olvide no bem.

E se um dia uma cruz de provas e de agravos
Reclamar-me a tarefa e o coração,
Não me largues ao susto a que me enleie,
Ajuda-me a entregar as próprias mãos aos cravos
Da incompreensão que me rodeie,
Entre bênçãos e fé e preces de perdão!

Não consintas que eu volte ao tempo morto
Da ilusão convertida em desconforto,
Dá-me os calos da paz nas tarefas do bem,
A servir sem perguntar a quem...
Ouve, celeste amigo,
Aspiro a estar contigo,
Longe de minhas horas desregradas,
Onde sempre estiveste e sempre continuas
Plantando o amor em todas as estradas,
Para que eu também tenha as mãos marcadas
Como trazes as tuas...
 
 Maria Dolores -  livro: Mãos Marcadas, Médium: Francisco Cândido Xavier.

 

terça-feira, 17 de maio de 2011

Salmo 23


O Senhor é o meu Pastor... Isto é relacionamento!
Nada me faltará... Isto é suprimento!
Caminhar me faz por verdes pastos... Isto é descanso!
Guia-me mansamente a águas tranquilas... Isto é refrigério!
Refrigera minha alma... Isto é cura!
Guia-me pelas veredas das justiça... Isto é direção!
Por amor de seu nome... Isto é propósito!
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte ... Isto é provação!
Eu não temeria mal algum... Isto é proteção!
Porque Tu estás comigo... Isto é fidelidade!
A tua vara e o teu cajado me consolam...Isto é disciplina!
Preparas uma mesa perante mim na presençã dos meus inimigos ... Isto é esperança!
Unge a minha cabeça com óleo... Isto é consagração!
E o meu cálice trnasborda ... Isto é abundância!
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida ... Isto é bênção!
E habitarei na casa do Senhor... Isto é segurança!
Por longos dias... Isto é eternidade!


"O que é mais valioso não é o Q nós temos em nossas vidas,
 mas QUEM nós temos em nossas vidas".


Rogativa Reajustada



Ildefonso, o filho de Dona Malvina Chaves, dama profundamente virtuosa e devotada à causa do bem, há quatro longos anos jazia semi-acamado; entretanto, preso à situação difícil, assemelhava-se a um cordeiro. Parecia estimar as preces maternas, consagrava-se à leitura edificante e sabia conversar, respeitoso e gentil, encorajando quem o visitasse.

Contemplando-o, comovidamente, a desvelada mãe inquiria o Médico Divino, ansiosa:

– Senhor, que motivo trouxe meu filho à invalidez? Não te parece doloroso imobilizar a juventude aos dezoito anos? Traze-o, de novo, aos movimentos da vida! Restaura-lhe o equilíbrio, por piedade!

Levanta-o e consagrar-me-ei inteiramente ao teu divino serviço!...

As lágrimas do sublime coração materno sufocavam as palavras na garganta, emocionando os amigos espirituais que a assistiam em silêncio.

No propósito de obter a concessão celeste, a prestativa senhora sacrificava-se através de todas as atividades socorristas.

Visitava moribundos, amparava sofredoras, protegia crianças abandonadas e arriscava a própria saúde e os recursos na caridade operante, conquistando prestigiosos colaboradores no plano invisível.

Em virtude dos inumeros laços de simpatia e reconhecimento, as súplicas da estimada matrona eram agora secundadas por imenso grupo de entidades espirituais, que imploravam diariamente a renovação do destino de Ildefonso. Reclamava-se para ele plena liberdade de movimentação. Esclarecia-se que na hipótese de o enfermo não merecer a graça, o benefício não deveria tardar, mesmo assim, considerando-se os méritos da genitora, mulher admirável na fé e no devotamento.

Tantos rogos se multiplicaram e tantas simpatias se entrelaçaram, que, um dia, a ordem chegou de mais alto, determinado que o jovem fosse reajustado cem por cento.

Os trabalhadores invisíveis, jubilosos, aguardaram ensejo adequado; e quando surgiu um médium notável, no setor da tarefa curativa, a Senhora Chaves foi inspirada a conduzir o filho até ele.

O missionário recebeu-a solícito e declarou-se pronto a contribuir no socorro ao doente, em obediência aos desígnios superiores.

A mãezinha fervorosa observou, no entanto, que aguardava a cura completa, era face da confiança que a orientara até ali.

O servo da saúde humana, cercado de espíritos amorosos e agradecidos, orou, impôs as mãos sobre o hemiplégico e transmitiu, vigorosamente, os fluidos regenerativos dos benfeitores desencarnados.

Em breves dias, o prodígio estava realizado.

Ildefonso recuperou o equilíbrio orgânico, integralmente.

E a genitora, feliz, celebrou a bênção, multiplicando serviços de compaixão fraterna e gestos de elevada renovação espiritual.

Um mês desdobrara os dias consuma, quando Dona Malvina começou a desiludir-se.

Ildefonso, curado, era outro homem. Perdera o amor pelas coisas sagradas. Pronunciava palavrões de minuto a minuto. Convidado à prece, informava, irreverente, que a religião era material de enfermarias e asilos e que não era doente nem velho para ocupar-se de semelhante mister. Inadaptado ao trabalho, fugia à disciplina benéfica. Trocava o dia pela noite, tal a pressa de esfalfar-se em noitadas ruidosas. Parecia vigilante do clube noturno e suas despesas desordenadas não chegavam a termo. Se a mãezinha pedia reconsideração e atitudes, sorria, escarninho, asseverando a intenção de recuperar o tempo que perdera através de espreguiçadeiras, drogas e injeções.

Com dez meses, era um transviado autêntico.

Embriagava-se todas as noites, tornando ao lar nos braços de amigos, e, quando a genitora, impondo-lhe repreensões educativas, se negou a pagar-lhe a centésima conta mais exagerada, Ildefonso falsificou a assinatura de um tio em escandaloso saque de grandes proporções.

A generosa mãe não sabia como solver o enigma do filho rebelde e ingrato.

Queixas surgiam de toda parte. Autoridades e parentes, amigos e desconhecidos traziam reclamações infindáveis.

A abnegada senhora via-se aflita e estonteada, ignorando como reajustar a situação, quando, certa noite, pedindo ao filho ébrio lhe respeitasse os cabelos brancos, foi por ele agredida a pauladas que lhe provocaram angustiosas feridas no coração. Sem palavras de revolta, Dona Malvina, a abençoada intercessora, procurou a câmara íntima, em silêncio, e rogou:

– Médico Divino, compreendo-te agora, os desígnios sábios e justos. Meu filho é também uma ovelha de teu infinito rebanho!... Não permitas, Divino Amigo, que ele se converta num mostro!... Não sei, Senhor, como definir-lhe as necessidades, mas faze-me entender-te as sentenças compassivas e modifica-lhe a rota desventurada!...

Enxugando o pranto copioso, repetiu as palavras evangélicas:

– Sou tua serva... Faça-se em mim, segundo a tua vontade!...

Intensa luminosidade espiritual resplandecia em torno de sua cabeça venerável. Nova benção desceu de mais alto e, com surpresa de todos no dia imediato, Ildefonso acordou paralítico...

Espírito Irmão X - Do livro: Luz Acima, Médium: Francisco Cândido Xavier


 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Deus é Justo'



Normalmente, quando tudo dá certo conosco, achamos que é merecimento e que Deus nos faz justiça. Quando nos são negados nossos anseios de preenchimento mental e satisfação física, ou seja, quando não está acontecendo o que queremos, sentimo-nos injustiçados, principalmente ao nos compararmos com outras pessoas. Por que ele tem e eu não? Achamos que Deus não está fazendo justiça conosco e que estamos sendo punidos.
É que trazemos cargas negativas do passado, que ocasionam frustrações no momento, existindo também atos desta encarnação que podem ser o motivo de muitas decepções.

 Normalmente, não enxergamos a realidade da vida e sim a projeção das nossas ilusões, por considerarmos a vida física como fim e não como meio.

Muitas vezes, o justo ou o injusto baseia-se, de acordo com nossa compreensão, no que damos e no que achamos que devemos receber em troca. Sentimo-nos injustiçados, porque quase sempre temos como meta nossa distração e o preenchimento da vida com prazer.

 Transformamos as funções e necessidades do corpo físico e a capacidade de pensar como fim da nossa existência. Não chegamos a olhar a vida como um todo e a desempenhar eficientemente nossa parte neste conjunto.

Já imaginaram se o coração se sentisse injustiçado por não ter folga e nem descanso físico? Que seria do homem? Diante desse exemplo, aprendemos que cada um deve fazer o que lhe compete, sem esperar recompensas, e sempre consciente de que deve utilizar o potencial nobre que a vida lhe concedeu.


 Apesar de insignificantes diante do cosmo, fazemos parte dele. Portanto, precisamos desempenhar nossa função como parte da vida e não viver para os nossos prazeres e conquistas, materiais ou espirituais.

 Deus não cria os seres para puni-los ou premiá-los. Cada qual tem sua função e utilidade, assim como o grão de areia tem sua função no deserto ou na praia. Punir uma manifestação, seria reconhecer Sua própria falha.

 Ao comprarmos uma máquina nova, o fabricante nos dá garantia da mesma, e qualquer falha no seu funcionamento não significa a intenção do fabricante em nos punir, pois a garantia dela fará com que ele lhe restaure as funções. E, no caso, ele é o maior prejudicado, porque, além dos gastos de reposição, teria seu nome comercial prejudicado e posta em dúvida sua idoneidade.

Não somos uma máquina, é certo, e a falha nunca está em Deus, e sim em nossa maneira de nos relacionarmos com suas Leis, com a vida. Na maioria das vezes, nossos ânimos e desejos não encontram ressonância nos planos traçados pela vida, por causa de nossas existências anteriores.

 Às vezes o que desejamos não é o que podemos ter. Quase sempre nossos desejos são saturados de egoísmo. Os da vida são saturados de grandeza, de amor e de realização plena do homem.


 Na Terra, cada variedade de raça recebe, com maior ou menor intensidade, o que necessita para desempenhar e enobrecer a espécie a que pertence. O grupo humano não foge à regra geral e natural, somente foi acrescentada em nós a faculdade da liberdade de escolha, para cumprirmos a tarefa para a qual fomos chamados.

Se nos harmonizamos com as Leis Divinas, nos sentiremos felizes a caminho do progresso, enquanto que, se as desprezamos, criamos um ambiente vibratório individual de desarmonia, que poderá atingir aqueles que nos cercam, e terá ressonância de vibrações inferiores.

 Será que Deus criou a Terra, com todo seu aparato animal e vegetal, somente para o desfrute do homem? O ser humano foi criado para usufruir de tudo à custa dos que caminham com ele? Não! Pelos seus atos de abuso, cuja consequência não compreende, presume que Deus lhe está sendo injusto.

Temos quase sempre, em nossas existências, buscado o significado da vida, tentando adivinhar por que razão Deus criou o homem. Talvez façamos isso, por darmos importância demais em pensar o que somos, ou pelos sentimentos que nos transmitiram, de tão importante questão.

 Deus é profundamente simples. Para que possamos ouvi-Lo e senti-Lo, é preciso antes de tudo ser simples como Ele. Um exemplo da simplicidade de Deus é sua onipresença, tanto em nosso Cristo, quanto num verme desprezado por todos.

 Devemos nos despojar do cultivo da autovalorização, vaidade, orgulho e presunção, para nos tornarmos melhores. Se não assumirmos nossa participação no conjunto do orbe terráqueo, nos sentiremos excluídos de obrigações e responsabilidades.

 E aí, o que acontece com os habitantes da Terra? A consequência é esta que estamos vendo: destruição e devastação do que a natureza levou milhões de anos para realizar.

Não nos sentindo parte do Universo, parece que estamos no mundo somente para usar e desfrutar as coisas, não tendo nada a responder, sem responsabilidades com o que acontece com tudo e com todos, alheios aos que sofrem dores e misérias.

Não podemos compreender Aquele do qual estamos separados e, enquanto assim estivermos, não faremos parte do todo. Ao contrário, se participarmos do todo, seremos um só. Não haverá nem o maior, nem o menor, porque nosso pequenino eu se perderá, diante da grandeza e importância do Universo.

 Que restará, então, para nós e para nossa espécie? Viver e neste viver, conhecer e compreender nossas funções e as dos que nos cercam, compondo assim um todo harmônico.

 Aquilo que os irracionais fazem instintivamente, o homem deverá fazer consciente e espontaneamente. Os irracionais não têm escolha, o homem pode escolher. Pode recusar ou participar do Banquete Divino, que é a própria vida, refletindo assim a simplicidade e o equilíbrio do macro, refletido no micro.

 Não teremos, então, nenhuma pretensão, por situações anteriores posteriores, ou do momento presente, pois elas são produtos do egoísmo oriundo da mente temporal. E Deus é atemporal.

Deus é profundamente justo. Não há desvios nem preferências em suas leis. Recebemos de acordo com o que fazemos, sendo que nossas vibrações são resultados de nosso estado interior, e que nos proporcionarão ligações com vibrações harmoniosas ou perturbadas, a causar dor e angústia, ou a felicidade.

Conhecendo a Lei da Reencarnação, entenderemos melhor a Justiça Divina. Compreendendo Deus, veremos que tudo que Ele faz é justo, pois nada deve a ninguém. Tudo o que recebemos é graça e de graça, nada temos feito para ter crédito com Deus. E, por mais que façamos, procede d'Ele o potencial da vida, a capacidade e a oportunidade de agir. Se vivermos esta verdade, nunca se abrigará em nossa mente a questão de Deus ser justo ou injusto.

Recurso Antisséptico





Sabe você que intriga e queixa, no fundo, são resíduos de doenças da alma, comparáveis a certas culturas microbianas que decorrem de infecções no corpo.

Lamentação e pessimismo podem alastrar-se através de contágio mental.

Um alarme falso assemelha-se ao estopim curto que suscita a explosão da calamidade, capaz de ocasionar a morte e a dilapidação física de muitas pessoas; a frase cochichada em que se expressam a leviandade e a maledicência, ao arrastar-se, de casa em casa, é também suscetível de ser o veneno que arrase ou prejudique existências numerosas.

Previna-se contra o risco, neutralizando no silêncio qualquer tóxico verbal que alguém lhe esteja administrando.

Nesse trabalho de imunização, comece refletindo que todos somos espíritos imortais e que, um dia, todos nos reencontraremos uns com os outros.

Aceite os agressores por irmãos enfermos necessitados de tratamento espiritual no pronto-socorro da oração.

Compreenda que nós todos, os espíritos ainda vinculados à evolução terrestre, somos igualmente passíveis de erro.

Desculpe qualquer ofensa, seja de quem for ou venha de onde vier.

E continue trabalhando de consciência tranqüila, reconhecendo o nosso dever de tolerar os comentários doentes, nas trilhas do cotidiano, com a certeza de que, no mundo, por enquanto, as conversações infelizes fazem parte do inevitável.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Desprendimento dos Bens Terrenos

 


Vosso apego aos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual. Em virtude desse desejo de aquisição, destruís as vossas faculdades afetivas, voltando-se inteiramente para as coisas materiais.
Sede sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem manchas? Quando os vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não há sempre um réptil oculto? Compreendo que um homem que conquistou a fortuna, por um trabalho constante e honrado, experimente por isso uma satisfação, aliás, muito justa. Mas, um apego que absorve os demais sentimentos e paralisa os impulsos do coração, há uma distância, igual e que vai da sórdida avareza à prodigalidade exagerada, dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude, que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem humilhação.
Que a fortuna provenha da vossa família, ou que a tenhais ganhado pelo vosso trabalho, há uma coisa que jamais deveis esquecer: é que tudo vem de Deus, e tudo a Deus retorna. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso corpo: a morte vos despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários. Não vos enganeis sobre isto. Deus vos emprestou e tereis que restituir, mas ele vos empresta sob a condição de que, pelo menos o supérfluo, reverta para aqueles que não possuem o necessário.
Pensai, sobretudo, que há bens infinitamente mais preciosos que os da Terra, e esse pensamento vos ajudarão a desprender-vos deles. Quanto menos apreço damos a uma coisa, somos menos sensíveis à sua perda. O homem que se apega aos bens terrenos é como a criança que só vê o momento presente; o que se desprende é como o adulto, que conhece coisas mais importantes, porque compreende estas palavras proféticas do Salvador: meu reino não é deste mundo.
O Senhor não ordena que atiremos fora o que possuímos, para nos tornarmos mendigos voluntários, porque então nos transformaríamos numa carga para a sociedade. Agir dessa maneira seria compreender mal os desprendimentos dos bens terrenos. É um egoísmo de outra espécie, porque equivale a fugir à responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a dá a quem lhe parece bom para administrá-la em proveito de todos. O rico tem, portanto, uma missão, que pode tornar bela e proveitosa para si mesmo. Rejeitar a fortuna, quando Deus vo-la dá, é, renunciar aos benefícios do bem que se pode fazer, ao administrá-la com sabedoria. Saber passar sem ela, quando não a temos; saber empregá-la utilmente, quando a recebemos; saber sacrificá-la, quando necessário; isto é agir segundo os desígnios do Senhor.
Aprendei a contentar-vos com pouco. Se sois pobres, não invejeis os ricos, porque a fortuna não é necessária à felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que os vossos bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela.
Lacordaire – Constantina, Argélia, 1863.
Fonte: extraído do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.


O auto-desrespeito é um grande desserviço a nós mesmos Auto-negação

 

De que maneira as pessoas nos tratam?
Sentimo-nos constantemente usados ou desrespeitados?
Às vezes, permitimos que os outros nos tracem metas ou objetivos sem antes nos consultar?
Sabemos distinguir quando estamos doando realmente ou quando estamos sendo explorados?
Respeitamos nossos valores e direitos inatos?
Costumamos representar papéis de vítimas ou de perfeitos?
A pior situação que podemos viver é passar toda uma existência sem nos dar o devido amor e respeito, fazendo coisas completamente diferentes do que sentimos.
Nossos sentimentos são parte importante de nossa vida. Se permitirmos que eles fluam em nós, então saberemos o que fazer e como nos conduzir diante das mais variadas situações do cotidiano.
Em virtude disso, não devemos nos esquecer de que, quando nos respeitamos plenamente, mostramos aos outros como eles devem nos tratar.
Se nós não aceitarmos, quem nos aceitará? Se nós não nos amarmos, quem nos amará?
Marcos relata em seu Evangelho a seguinte orientação: “Pois ao que tem será dado, e ao que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado”.
Realmente, “será dado” (respeito) ao que se respeita e não “ao que não tem ou pensa ter”. Assim funciona tudo em nossa vida íntima – “temos o que damos”. Devemos esperar dos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos.
Se nós não nos auto-responsabilizamos pela forma como somos tratados, continuaremos impotentes para mudar o contexto penoso em que estamos vivendo. É muito cômodo culpar os outros por qualquer desilusão ou sofrimento que estejamos passando. Não é fácil aceitar a responsabilidade pelas nossas próprias ilusões e desenganos.
Não somos nem melhores nem piores que ninguém. Ao recusarmos o respeito a nós mesmos, estamos abdicando do direito de exigi-lo. Sem senso de valor individual, nos sentiremos diminuídos diante do mundo e destituídos da habilidade de dar e de receber amor.
O auto-desrespeito é um grande desserviço a nós mesmos.
Quando nos respeitamos, somos livres para sentir, agir, ir, dizer; pensar e saber o que auto-determinamos, confiantes em que, se estivermos prontos, no tempo exato o Poder Superior do Universo nos dará todo o suprimento, todo o apoio e toda a orientação para cumprirmos o sublime plano que Ele nos reservou.
Somente optando pelo auto-respeito é que conseguiremos o respeito alheio. Encontraremos nos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos.

do livro “Os Prazeres da Alma”,

Pedi e Obtereis




Um homem está perdido num deserto. Sofre horrivelmente de sede. Sente-se desfalecer e deixa-se cair ao chão.
Ora, pedindo a ajuda de Deus, e espera. Mas, nenhum anjo vem lhe dar de beber. No entanto, um Bom Espírito lhe sugere o pensamento de levantar-se e seguir determinada direção. Então, por um impulso instinto, reúne suas forças, levanta-se e avança ao acaso. Chegando a uma elevação do terreno, descobre ao longe um regato, e com isso a coragem. Se tiver fé, exclamará: “Graças, meu Deus, pelo pensamento que me inspiraste e pela força que me deste”. Se não tiver fé, dirá: “Que boa idéia tive eu! Que sorte eu tive de tomar o caminho da direita e não o da esquerda; o acaso, algumas vezes, nos ajuda de fato! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me haver deixado abater!”
Mas, perguntarão, por que o Bom Espírito não lhe disse claramente: “Siga este caminho, e no fim encontrarás o que necessitas? Por que ele não se apresentou para guiá-lo e sustentá-lo no seu abatimento? Dessa maneira não o teria convencido da intervenção da Providência?” Isto não acontece, primeiramente, para lhe ensinar que é necessário ajudar-se a si mesmo e usar as próprias forças. Depois, porque, pela incerteza, Deus põe à prova a confiança e a submissão à sua vontade.
Este homem estava na situação da criança que, ao cair, vendo alguém, põe-se a gritar e espera que a levantem; mas, se não vê ninguém, esforça-se e levanta-se sozinha.
Se o anjo que acompanhou a Tobias lhe houvesse dito: “Fui enviado por Deus para te guiar na viagem e te preservar de todo perigo”, Tobias não teria nenhum mérito. Foi por isso que o anjo só se deu a conhecer na volta.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Verdadeiros Espíritas




Verdadeiros Espíritas

O homem de bem
3. O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a demência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº 9.)

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.
Os Bons Espíritas
Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam. Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as conseqüências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? A alguma falta de clareza da Doutrina? Não, pois que ela não contém alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza e da sua essência mesma e é donde lhe vem toda a força, porque a faz ir direito à inteligência. Nada tem de misteriosa e seus iniciados não se acham de posse de qualquer segredo, oculto ao vulgo.

Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da ciência somente requer olhos que observem, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encamado.

Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações. Atêm-se mais aos fenômenos do que a moral, que se lhes afigura cediça e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar Os arcanos do Criador. Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções. Contudo, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o segundo, noutra existência.

Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.



 

O que é Espiritismo?



O objetivo desta obra é dar-lhe uma breve idéia do que é a Doutrina Espírita. Queremos despertar a sua curiosidade de forma que lhe permita formar um juízo pessoal, independente de todas as crendices oriundas do pensamento dos que nada entendem do assunto.

O termo "Espiritismo" é sinônimo de Doutrina Espírita, porém, frequentemente, é utilizado erroneamente para designar qualquer prática do mediunismo (comunicação com os Espíritos), ou confundido com cultos afro-brasileiros (Umbanda, Candomblé, entre outros).

O Espiritismo é uma doutrina que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos e de suas relações com a vida material. Foi revelada por Espíritos Superiores e codificada (organizada) em 1857 por um professor francês conhecido como Allan Kardec.
Surgiu, pois, na França, há mais de um século. Traz em si três faces: filosofia, ciência e religião (moral).
Os adeptos da Doutrina Espírita são os espíritas e suas práticas se baseiam no estudo das obras básicas da Codificação e na assistência material e espiritual aos necessitados.
O Espiritismo possui cinco princípios básicos, de onde procedem todas as suas práticas: 1 - A existência do Espírito e sua sobrevivência após a morte.

"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular ao alto monte,
E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz.
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele" - (Mateus 17.1-3). Veja também: I Pedro 3.19-20 - I Pedro 4.6 - Marcos 12.26-27 e Romanos 11.15.

2 - A reencarnação. "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.
E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" - (Mateus 11.13-15). Veja também Mateus 17.9-13 e João 3.3-13

3 - A lei de causa e efeito. "Então Jesus disse-lhe: Enfia no seu lugar a tua espada; porque todos que lançarem mão da espada à espada morrerão" - (Mateus 26.52).
"Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará" - (Gálatas 6.7). Veja também: Mateus 18.7

4 - A comunicação entre o mundo material e espiritual. "E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visão, e os vossos velhos sonharão sonhos;
E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias, e profetizarão;" - (Atos 2.17-18).
"E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele varão;" - (Atos 11.12). Veja também: Mateus 17.1-3 - I Samuel 28.11-20 e Números 11.26-30

5 - A evolução progressiva dos Espíritos.

"Um semeador saiu a semear a sua semente, e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram;
E outra caiu sobre pedra, e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade;
E outra caiu entre espinhos, e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram;
E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
E os seus discípulos o interrogavam, dizendo: Que parábola é esta?
E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios de Deus, mas aos outros por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam.
Esta é pois a parábola. A semente é a palavra de Deus;
E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo e tira-lhes do coração a palavra, para que se não salve, crendo;
E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam;
E a que caiu entre os espinhos, esses são os que ouviram, e, indo por diante, são sufocados com os cuidados, e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição;
E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança" - (Lucas 8.5-15).

Veja também: Gênesis 28.12

Tais princípios estão contidos na Bíblia e nas cinco obras básicas da Codificação, que os analisa de maneira racional e interessante. São elas:

- O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1857). Obra de caráter filosófico. É considerado a espinha dorsal do Espiritismo, já que todas as outras obras partem de seus princípios.

- O LIVRO DOS MÉDIUNS (1861). Demonstra as conseqüências morais e filosóficas decorrentes das relações entre o mundo material e espiritual.

- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1864). Parte religiosa e moral da Doutrina Espírita. Ensina a moral cristã através de comentários sobre as principais passagens da vida de Jesus Cristo.

- O CÉU E O INFERNO (1865). Allan Kardec apresenta a verdadeira face do desejado Céu, do temido Inferno, como também do chamado Purgatório. Põe fim às penas eternas, demonstrando que tudo no universo evolui.

- A GÊNESE (1868). Mostra como foi criado o mundo, como apareceram as criaturas e como é o Universo. É a parte científica da Doutrina. Explica a Criação, colocando a Ciência e a Religião face a face.


É inegável que o Espiritismo, essencialmente, como fato natural, como lei da vida, é de todos os tempos, encontra-se ainda que de modo difuso ou velado no alicerce de todas as crenças imortalistas, razão por que deve ser concebido como elemento capaz de fortalecer as diversas religiões e abrir caminho para que elas se encontrem com as várias ciências, levando o homem a cumprir de maneira integral seu destino neste mundo, através do desenvolvimento tanto das potencialidades sentimentais quanto intelectivas. Assim sendo, nada impede que um católico, um teosofista, um amante do esoterismo seja também espírita, em face do caráter universalista, cósmico, do Espiritismo, e quem quiser defender esta posição certamente descobrirá algumas frases de Allan Kardec para se apoiar.

"A ignorância dos princípios fundamentais é causa das falsas apreciações da maior parte dos que julgam o que não compreendem, ou que o fazem com base em idéias preconcebidas" - (Allan Kardec)