fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

sábado, 30 de julho de 2011

Morrer é voltar para casa



Quando a morte chega, com sua bagagem de mistérios, traz junto divergências e indagações.

Afinal, quando os olhos se fecham para a luz, o coração silencia e a respiração cessa, terá morrido junto a essência humana?

Materialistas negam a continuação da vida. Mas os espiritualistas dizem que sim, a vida prossegue além da sepultura.

E eles têm razão. Há vida depois da morte. Vida plena, pujante, encantadora.

Prova disso? As evidências estão ao alcance de todos os que querem vê-las.

Basta olhar o rosto de um ser querido que faleceu e veremos claramente que falta algo: a alma já não mais está ali.

O Espírito deixou o corpo feito de nervos, sangue, ossos e músculos. Elevou-se para regiões diferentes, misteriosas, onde as leis que prevalecem são as criadas por Deus.

Como acreditar que somos um amontoado de células, se dentro de nós agita-se um universo de pensamentos e sensações?

Não. Nós não morreremos junto com o corpo. O organismo voltará à natureza - restituiremos à Terra os elementos que recebemos – mas o Espírito jamais terá fim.

Viveremos para sempre, em dimensões diferentes desta. Somos imortais. O sopro que nos anima não se apaga ao toque da morte.

Prova disso está nas mensagens de renovação que vemos em toda parte.

Ou você nunca notou as flores delicadas que nascem sobre as sepulturas? É a mensagem silenciosa da natureza, anunciando a continuidade da vida.

Para aquele que buscou viver com ética e amor, a morte é apenas o fim de um ciclo. A volta para casa.

Com a consciência pacificada, o coração em festa, o homem de bem fecha os olhos do corpo físico e abre as janelas da alma.

Do outro lado da vida, a multidão de seres amados o aguarda. Pais, irmãos, filhos ou avós – não importa.

Os parentes e amigos que morreram antes estarão lá, para abraços calorosos, beijos de saudade, sorrisos de reencontro.

Nesse dia, as lágrimas podem regar o solo dos túmulos e até respingar nas flores, mas haverá felicidade para o que se foi em paz.

Ele vai descobrir um mundo novo, há muito esquecido. Descobrirá que é amado e experimentará um amor poderoso e contagiante: o amor de Deus.

Depois daquele momento em que os olhos se fecharam no corpo material, uma voz ecoará na alma que acaba de deixar a Terra.

E dirá, suave: Vem, sê bem-vindo de volta à tua casa.

A morte tem merecido considerações de toda ordem, ao longo da estada do homem sobre a Terra.

É fenômeno orgânico inevitável porque a Lei Divina prescreve que tudo quanto nasce, morre.

A morte não é pois o fim, mas o momento do recomeço.

Pensemos nisso.


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ação de Paz




No teu círculo de amigos não faltam aqueles que cultivam a violência, a arrogância, o espírito perturbador...

Bulhentos, irrequietos, gostam de promover desordens, sempre armados contra tudo e todos.

Cuidado com eles!

Aconselham a anarquia, estimulam as arruaças, encorajam a malquerença.

Não te inspires na sua poluição mental, responsável pelo seu comportamento alienado.

Trata-os com gentileza, no entanto, poupa-te à sua convivência malfazeja.

Eles são cansativos pela instabilidade e exaurem aqueles que os cercam, em razão da agressividade em que se debatem.

Há quem aconselhe revide a qualquer ofensa; reproche a toda insinuação; respostas ácidas às provocações...

O fogo não se acaba, quando se lhe atira combustível.

Assim também acontece com o mal.

A única alternativa é a que decorre da ação do bem, que apaga as labaredas da violência e estabelece a paz na qual o progresso se firma.

És instrumento da vida, para a tua e a felicidade geral.

Esparze alegria, sem fomentar o pandemônio.

Irradia dignidade, sem carantonha ou simulação sisuda.

Favorece a paz, sem pieguismo ou receio da perturbação.

Tua realidade íntima, tua forma de vida pessoal.

Vive em paz, e apazigua todos quantos se acerquem de ti.

Espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira


 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Deus Conta Contigo




Ouço-te, às vezes, coração amigo,
Em torno ao bem, numa questão qualquer:
— “Farei... Conseguirei... Conta comigo...
Se Deus quiser, se Deus quiser...”

Mas não te alteres, a pretexto disso.
De segundo a segundo, estrada a estrada,
A Vontade de Deus é revelada
Em bondade e serviço.

Fita os quadros da gleba, campo afora:
Tudo o que existe, vibra, luta e sente,
Serve constantemente,
Dia-a-dia, hora a hora!...

De alvorada a alvorada, o Sol fecundo,
Sem aguardar requerimento
Garante sem cessar o equilíbrio do mundo
De seu carro de luz no firmamento.

A fonte, a deslizar singela e boa,
Passa fazendo o bem,
Dessedenta, consola, alivia, abençoa
Sem perguntar a quem...

Sem recorrer a humanos estatutos,
Nem a filosofias enganosas,
A laranjeira estende os próprios frutos,
A roseira dá rosas...

O lírio não se ofende, nem reclama:
Sobre a terra onde alguém lhe deitou a raiz,
Seja em vaso de estufa ou num trato de lama,
Desabrocha feliz.

Assim no mundo, coração amigo,
Faze o bem onde for, seja a quem for;
Em toda parte, Deus conta contigo
Na tarefa do amor.

Espírito Maria Dolores - Do livro: Antologia da Espiritualidade, Médium: Francisco Cândido Xavier

 

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Morte não é Nada



A Morte não é Nada
" Santo Agostinho "


"A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi."


 

Autógrafo de Deus



Autógrafo é a assinatura original, de próprio punho, do autor de alguma obra.
Assinam seus quadros os pintores. No entanto, melhor do que a sua assinatura, o que diz se o quadro é verdadeiramente daquele pintor é o seu estilo.
Quem quer que se aprofunde pelo conhecimento da arte poderá, ao admirar uma tela, afirmar do seu autor. E identificar, inclusive, se for o caso, a que período da vida artística daquele pintor corresponde.
Quem escreve um livro, define-se por uma forma de escrever e, a partir daí passará a ser conhecido. Naturalmente, coloca seu nome na obra.
Mas, mais do que isso, identifica-se pelo estilo e a forma com que desenvolve o seu pensamento, ao transpô-lo para o papel.
Cada artista tem sua maneira peculiar de se identificar no seu trabalho.
E é assim que Ele é conhecido e admiradas as Suas produções, através dos tempos.
Quando nossos olhos se extasiam ante a prodigalidade da natureza;
quando nossos ouvidos se deliciam com os sons dos rios cantantes, com o murmúrio da fonte minúscula, com as águas que descem pelas encostas, despejando-se ruidosamente de alturas;
quando o vento flauteia uma canção entre os ramos ou agita com violência o arvoredo;
quando o sol se pinta de ouro e tudo enche de luz por onde se espraia;
quando o céu se faz de tonalidades mil, indefiníveis, num amanhecer indescritível;
quando tudo isso acontece, todo dia, a cada dia... procuramos o autor. E a assinatura.
O inacreditável do grandioso e das coisas minúsculas – tudo obedecendo a idêntico esmero, diz-nos da qualidade do artista.
A diversidade de tons, de sons nos fala de um Alguém superlativamente criativo pois que, há bilhões de anos, não reprisa um pôr de sol, nem o cristal da gota de orvalho, nem a combinação dos gorjeios da passarada.
Cada dia tudo é diferente. O sol retorna, as nuvens se espreguiçam, a pradaria se estende, alongando sua colcha de retalhos de cores diversas, bordadas cá e lá de flores miúdas... mas nada é igual.
As folhas nas árvores estão em número maior ou menor, a sinfonia das águas acabou de ser composta, os pássaros balançam-se em outras ramagens.
Sim, o artista responsável pelo concerto do dia e da noite é extraordinário.
Os homens afirmam que jamais O viram. Mas todos podem admirar Sua obra. Mesmo aqueles que Lhe negam a existência.
Esse artista inigualável assina a delicadeza das manhãs com o pincel da madrugada.
Podemos descobrir Seu autógrafo na tela do firmamento, no brilho das estrelas.
Podemos descobrir Sua escrita nas flores dos campos, dos jardins, das montanhas.
Ele é tão grande que a tela onde cria as Suas maravilhas vive em expansão.
Mas onde Esse artista coloca Sua mais especial assinatura é na essência de cada um dos filhos que criou.
Ela está em cada um de nós e se chama Imortalidade.
Pense nisso. Você é o mais especial autógrafo de Deus.


Depressão






Se trazes o Espírito agoniado por sensações de pessimismo e tristeza, concede ligeira pausa a ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de raciocinar. Se alguém te ofendeu, desculpa. Se feriste alguém, reconsidera a própria atitude. Contratempos do mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres. Parentes difíceis repontam de todo núcleo familiar.

 Trabalho é Lei do Universo. Disciplina é alicerce da educação.

 Circunstâncias constrangedoras, assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de qualquer clima.

 Incompreensões com relação a caminhos e decisões que se adote são empeços e desafios, na experiência de quantos desejem equilíbrio e trabalho.

 Agradar a todos, ao mesmo tempo, é realização impossível.

 Separações e renovações representam imperativos inevitáveis do progresso espiritual.

 Mudanças equivalem a tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida.

 Conflitos íntimos atingem toda criatura que aspire a elevar-se.

Fracassos de hoje são lições para os acertos de amanhã.

Problemas enxameiam a existência de todos aqueles que não se acomodam com estagnação.

Compreendendo a realidade de toda pessoa que anseie por felicidade e paz, aperfeiçoamento e renovação, toda vez que sugestões de desânimo nos visitem a alma, retifiquemos em nós o que deva ser corrigido e abraçando o trabalho que a vida nos deu a realizar, prossigamos à frente.


livro "Coragem", por Emmanuel, psicografia por Francisco Cândido Xavier)

O Poder da migalha




Não desprezes o poder da migalha na obra do auxílio.

O prato simples que partilhas com o irmão em penúria não resolve o problema da fome; entretanto, ele em si não é apenas favor providencial para quem o recebe, mas também mensagem de fraternidade expedida na direção de outras almas, que se inclinarão a repartir as alegrias da mesa.

A peça de roupa com que atendes ao viajor, estremunhado de frio, não extingue o flagelo da nudez; todavia, ela em si não constitui valioso abrigo para quem a recolhe, mas também apelo silencioso para que amigos que esperam, unicamente, um sinal de amor para se entregarem aos júbilos do serviço.

Acontece o mesmo com a moeda humilde que ajustada à beneficência, faz pensar no valor da cooperação, e com o livro edificante que, funcionando no apoio a companheiros necessitados de esclarecimento e consolo, nos obriga a meditar no impositivo da cultura espiritual.

Em muitas circunstâncias, é um gesto só de tua compreensão que salvará alguém de calamidade eminente e, em muitos casos, uma só frase de tua parte representa a segurança de comunidades inteiras.

Bem aventurado todo aquele que estende milhões à supressão dos problemas de natureza material e bem aventurado todo aquele que cede algo de si próprio, a benefício dos outros, ainda que seja tão-somente uma palavra de bênção para o conforto de uma criança esquecida.

Não desprezes o poder da migalha na obra do auxílio.

Por dádiva de sustentação e misericórdia para felizes e infelizes, sábios e ignorantes, justos e injustos, Deus entrega o Sol por atacado, mas por dom inefável, capaz de conduzir as criaturas com harmonia e discernimento, no rumo das perfeições divinas, Deus dá o tempo, trocado em miúdo, através das migalhas dos minutos, iguais para todos.

O coração humano é comparável a cofre repleto de riquezas incalculáveis, e ninguém o possui impenetrável ou inacessível... Habitualmente, resistirá a golpes de martelos, à ação de gazuas e até mesmo ao impacto de explosivos e provas de fogo; mas, quase sempre, é a tua migalha de humildade e paciência, bondade e cooperação que simboliza a chave capaz de abri-lo.



Emmanuel - Do livro: Estude e Viva, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.




terça-feira, 26 de julho de 2011



Existe uma magia em fazer de conta que somos como
queremos ser, mesmo que ainda não tenhamos chegado lá.
O comportamento é um aliado poderoso para abrir caminhos,
e nosso estado de espírito costuma acompanhá-lo,
nos deixando mais perto de nossos objetivos.


“Você tem que se levantar todo dia com um sorriso nos lábios.
E mostrar ao mundo todo o amor do seu coração.
Então as pessoas vão tratá-lo melhor.
E você vai descobrir, com certeza,
Que é tão belo quanto se sente.”


Um Homem chamado Jesus


Certa vez, um Espírito Sublime deixou as estrelas, revestiu-Se de um corpo humano e veio habitar entre os homens.
Porque fosse um exímio artista plástico, habituado a modelar as formas celestes, compondo astros e globos planetários, tomou da madeira bruta e deu-lhe formas úteis.
Durante anos, de Suas mãos brotaram mesas e bancos, onde amigos e irmãos se assentavam para repartir o pão.
Para receber os seus corpos cansados, ao final do dia, Ele preparou camas confortáveis e, porque amasse a todos os seres viventes, não esqueceu de providenciar cochos e manjedouras onde os animais pudessem vencer a fome.
Porque fosse artista de outras artes, certo dia deixou as ferramentas com que moldava a madeira e partiu pelas estradas poeirentas.
Tomou do alaúde natural de um lago, em Genesaré, e ali teceu as mais belas canções.
Seu canto atraía crianças, velhos e moços. Vinham de todas as bandas.
A entonação de Sua voz calava o choro dos bebês e as dores arrefeciam nos corações das viúvas e dos desamparados.
As harmonias que compunha tinham o condão de secar lágrimas e sensibilizar corações endurecidos.
Como soubesse compor poemas de rara beleza, subiu a um monte e derramou versos de bem-aventuranças, que enalteciam a misericórdia, a justiça e o perdão.
Porque Sua sensibilidade Se compadecia das dores da multidão, multiplicou pães e peixes, saciando-lhe a fome física.
Delicado na postura, gentil no falar, por onde passava deixava impregnado o perfume de Sua presença.
Possuía tanto amor que o exalava de Si aos que O rodeassem. Uma pobre mulher enferma tocou-Lhe a barra do manto e recebeu os fluidos curadores que lhe restituíram a saúde.
Dócil como um cordeiro, abraçou crianças, colocou-as em Seus joelhos e lhes falou do Pai que está nos céus, que veste a erva do campo e providencia alimento às aves cantantes.
Enérgico nos posicionamentos morais, usou da Sua voz para o discurso da honra, defendendo o templo, a casa do Pai, dos que desejavam lesar o povo já por si sofrido e humilhado.
Enalteceu os pequenos e na Sua grandeza, atentava para detalhes mínimos.
Olhou para a figueira e convidou um cobrador de impostos a descer a fim de estar com Ele mais estreitamente.
Acreditavam que Ele tomaria um trono terrestre e governaria por anos, com justiça.
Ele preferiu penetrar os corações dos homens e viver na sua intimidade, para que eles usufruíssem de paz e a tivessem em abundância.
Seu nome é Jesus, o Amigo Divino que permanece de braços abertos, declamando os versos do Seu poema de amor: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei...

livro Quem é o Cristo?, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

Socorre a Ti Mesmo




Pregando o Evangelho do reino e curando todas as enfermidades. (Mateus, 9:35.)

Cura a catarata e a conjuntivite, mas corrige a visão espiritual de teus olhos.

Defende-te contra a surdez, entretanto, retifica o teu modo de registrar as vozes e solicitações variadas que tem procuram.

Medica a arritmia e a dispnéia, contudo, não entregues o coração à impulsividade arrasadora.

Combate a neurastenia e o esgotamento, no entanto, cuida de reajustar as emoções e tendências.

Persegue a gastralgia, mas educa teus apetites à mesa.

Melhora as condições do sangue, todavia, não o sobrecarregues com os resíduos de prazeres inferiores.

Guerreia a hepatite, entretanto, livra o fígado dos excessos em que te comprazes.

Remove os perigos da uremia, contudo, não sufoques os rins com os venenos de taças brilhantes.

Desloca o reumatismo dos membros, reparando, porém, o que fazes com teus pés, braços e mãos.

Sana os desacertos cerebrais que te ameaçam, todavia, aprende a guardar a mente no idealismo superior e nos atos nobres.

Consagra-te à própria cura, mas não esqueças a pregação do Reino Divino aos teus órgãos. Eles são vivos e educáveis. Sem que teu pensamento se purifique e sem que a tua vontade comande o barco do organismo para o bem, a intervenção dos remédios humanos não passará de medida em trânsito para a inutilidade.



Emmanuel

Por Francisco Cândido Xavier

Livro:Pão Nosso




segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si mesmo





“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispensadores da multiforme graça de Deus.” – Pedro. (I Pedro, 4:10.)



A vida é máquina divina da qual todos os seres são peças importantes, e a cooperação é o fator essencial na produção da harmonia e do bem para todos.

Nada existe sem significação.

Ninguém é inútil.

Cada criatura recebeu determinado talento da Providência Divina para servir no mundo e para receber do mundo o salário da elevação.

Velho ou moço, com saúde do corpo ou sem ela, recorda que é necessário movimentar o dom que recebeste do Senhor, para avançares na direção da Grande Luz.

Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si mesmo.

O próprio paralítico, atado ao catre da enfermidade, pode fornecer aos outros a paciência e a calma, em forma de paz e resignação.

Não olvides, pois, o trabalho que o Céu te conferiu e foge à preocupação de interferir na tarefa do próximo, a pretexto de ajudar.

Quem cumpre o dever que lhe é próprio, age naturalmente a beneficio do equilíbrio geral.

Muitas vezes, acreditando fazer mais corretamente que os outros o serviço que lhes compete, não somos senão agentes de desarmonia e perturbação.

Onde estivermos, atendamos com diligência e nobreza à missão que a vida nos oferece.

Lembra-te de que as horas são as mesmas para todos e de que o tempo é o nosso silencioso e inflexível julgador.

Ontem, hoje e amanhã são três fases do caminho único.

Todo dia é ocasião de semear e colher.

Observemos, assim, a tarefa que nos cabe e recordemos a palavra do Evangelho: – “Cada um administre aos outros o dom como recebeu, como bons dispensadores da multiforme graça de Deus”, para que a graça de Deus nos enriqueça de novas graças.

 livro “Fonte Viva”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

sábado, 23 de julho de 2011

Semeadores




Bem-aventurados os que removem espinheiros, os que adubam terrenos ásperos, os que lavram o campo alegremente e semeiam nas leiras férteis partindo para a frente, entregando os resultados ao Senhor da Vinha!

Bem-aventurados os que se alimentam com o pão do espírito de serviço!

Bem-aventurados os que edificam as sendas do próximo, sem que o próximo lhes conheça a generosidade!

Inflamêmo-nos, ainda e sempre, no ideal de servir com o Senhor.

De muito pouca utilidade seria nossa adoração a Jesus, se não a convertêssemos em atividade laboriosa e fecunda, em benefício de nossos irmãos. Em todos os lugares, muitos ensinam com as palavras, entretanto, raros atendem ao espírito eterno.

Nos mais variados caminhos, a fome de esperança invade as almas sem rumo...

E as nossas experiências seculares representam dias de marcha na divina jornada para Deus! A todo instante, viajores incautos reclamam roteiros. Suplicam socorro os famintos, os sedentos, os imprudentes que gastaram sem propósito edificante os patrimônios sagrados. De quando em quando, surgem aqueles que lhes podem atender as rogativas, mas os donos transitórios do pão humano e os senhores dos roteiros intelectuais cobram a colaboração a dobrados preços de ouro. E, na maioria das vezes, a miragem surpreende os viajantes infelizes. Disfarçam-se misérias, dores e aflições, na convenção de mentirosos trajes.

É necessário que apareçam os semeadores do bem e os Samaritanos da fraternidade corajosos no sacrifício pelo desacordo com o mundo inferior e habilitados à cruz da redenção, suportando, com valor, o peso das responsabilidades tremendas, embora sintam, em torno, a crítica mordente e a ironia venenosa.

Compreendemos, portanto, a tarefa dos que se propõem às verdades divinas. Percorrendo os mesmos caminhos do Mestre, conhecerão imensas lutas, incompreensões ásperas e paisagens dolorosas... Todavia, o que repartem pela cooperação ser-lhes-á restituído em bênçãos, o que fornecem pelo conforto e esperança, receberão em energias, o que espalham pela fé ser-lhes-á devolvido em verdadeira e leal dedicação dos mensageiros da Divindade. Nos círculos mais baixos, trabalhos sacrificais e testemunhos angustiosos, mas, na esfera superior, realizações e forças novas; entre os homens ignorantes, espinhos e pedradas, entre os Espíritos Esclarecidos, a fé, a sabedoria e a experiência; nas ansiedades terrestres, desilusões e renovações, mas, na realidade celeste, edificação e eternidade.

Somos a corrente de trabalhadores dAquele que, até hoje, nos ensina constantemente a servir. Necessitamos, nós outros, de ruídos e palavras. Ele, porém, nos ajuda em silêncio. Sofremos e lutamos. Ele aperfeiçoa sempre. Por vezes a perturbação nos assedia o espírito. Ele, porém, é a Paz e a Harmonia Invioláveis.

Irmãos nossos muito amados, Jesus é o nosso Orientador Supremo.

Felizes de vós, toda vez que banhardes o coração nas águas cristalinas do Evangelho da Redenção. Edificante ser-vos-á a experiência humana, proveitosas ser-vos-ão as lutas, santificadoras as alegrias, abençoadas as dores, sublimes as renunciações, benfazeja a mão do tempo o doce ser-vos-á o despertar!

Unimo-nos, pois, em torno do Senhor e, cumprindo-Lhe a divina vontade, louvemos o Seu nome para sempre!

 Veneranda - Do livro: Coletâneas do Além, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos .


 

Pérolas


Chico Xavier já dizia
" Os outros fazem o que quiserem e eu o que devo fazer".

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Espelho no Mundo



Os olhos abraçam a beleza do
mundo...
São janelas do corpo humano
por onde fruem as belezas do existir.
O espí r i to deve fazer-se
semelhante a um espelho, que
adota a cor do que olha e se enche
de tantas imagens quantas coisas
tiver diante de si.
Cansado homem, desnudado,
ao ar livre, quis ver a Criação, olhar o
mundo.
Bom companheiro, que vê
desabrochar as flores da esperança.
Com doçura e compaixão,
prossegue, determinado, perscrutando
a beleza da Vida.
Vê um rio que corre mansamente,
fazendo um burburinho de
águas tranquilas.
À tênue primeira claridade do
dia, o viajor boceja, mirando o céu
estrelado, até que a alvorada, por
fim, desponta
Bom caminheiro e ser vo
dedicado, planta em si o frescor da
madrugada.
Oferta a esperança nos corações
empedernidos para a bonança e
ausculta a dor dos que amam e que
sussurram infinitos ais...
Companhei ro, sent i r-se-á
animado com o murmúrio das
cascatas, bocejando o alvorecer...
Quem acreditaria que um
espaço tão reduzido fosse capaz de
absorver as imagens do Universo?
Silêncio!... Há na alma dúbia
claridade deste dia.
Olhando cair a chuva, como o
pranto que os olhos inunda...
Tudo na Vida brilha e passa,
dando a impressão das asas do
vento!


 

O Salvador Inesperado



 Era uma jovem artista, diferente...
 Contava apenas quinze primaveras,
 Mas atraía em muita gente
 Interesse, atenção, bondade, simpatia.
 Sabia interpretar mensagens de alegria
 E enriquecer canções
 Que o público
 Aplaudia em palmas e ovações.
 Mas, em casa, essa jovem
 Tomava outra figura,
 Parecia uma fera caprichosa!
 Trazia exteriormente a beleza da rosa
 E por dentro de si todo um arsenal de espinhos.

 O pai, viúvo e só, notava isso
 E ao ver a filha única, vaidosa,
 Ele, humilde operário, agarrado ao serviço,
 Começou a beber, buscando o esquecimento;
 Lamentava a viuvez, a dor, o desalento...

 E, ao estragar-se, um dia,
 Ouviu a filha, em dura rebeldia,
 A expulsá-lo do lar:
- Vá-se embora daqui - disse a filha a gritar.
 O senhor já não manda nesta casa,
 Um pai bêbado é nódoa para mim;
 A tolerância sempre chega ao fim...
 O seu vício me arrasa,
 Saia, saia daqui, seu lugar é na rua!...
 O pobre pai mal pôde levantar-se,
 Mas ergue-se, recua,
 E vai cambaleando na calçada,
 Enquanto a filha tranca a porta
 E vai dormir mal-humorada.

 Seis anos transcorreram sobre a cena;
 A menina fizera-se famosa.
 No circo de alto luxo, ela domina...
 Parecia, um trapézio, uma estrela divina
 Ou borboleta humana, bailando soberana.
 Era a dona dos prêmios e era vista
 Por beleza sem par e modelo de artista.

 Veio uma grande noite. Aplausos. Alegria.
 A platéia delira e a multidão das palmas,
 O número da moça é quase que magia.
 Há espanto nos olhos, êxtase nas almas...
 O trapézio voava, ela saltava e ria,
 De corpo seminu, em leve fantasia.

 Nisso ocorre um imprevisto, ante a platéia atenta,
 Surge um curto-circuito e faísca violenta
 Ateia fogo em cima e arrasam-se estruturas.
 A jovem trapezista atrapalha-se
 E agarra uma viga de amarra
 Que fica nas alturas...
 Ela, a estrela da equipe, a moça bela e forte,
 Grita e roga socorro, ao conhecer-se
 Em presença da morte.

 O incêndio desata, o circo se esvazia,
 A jovem grita, grita e ninguém a escuta;
 A multidão de longe apenas segue
 Os detalhes cruéis daquela imensa luta,
 Mas um velho palhaço, um canastrão de arena,
 Vara o fogo e se eleva, em corda frágil;
 Eis que o povo lhe exalta a coragem serena...
 Certa viga, ao cair, espanca-lhe a cabeça,
 Ele, porém, não pára e, ante a fumaça espessa,
 Alcança a moça aflita e, tomando-a nos braços,
 Desce, devagarinho,
 Procurando caminho,
 Nos bancos chamejantes, em pedaços...

 Mas, ao depor no chão a moça linda e salva,
 Ela sorri feliz...
 O povo aplaude, prazenteiro,
 Entretanto,
 Cai exausto o truão do picadeiro,
 Tomba mostrando a boca, em larga flor de sangue;
 Era uma chaga só aquele corpo exangue.
 Arfa-lhe o peito enorme, a morte se aproxima.
 Alguém chega e o reanima;
 É um velho amigo que reaparecera
 E que lhe arranca a máscara de cera...
 O povo se aglomera... Ante a cera que cai,
 A moça empalidece,
 Ajoelha-se e grita, como em prece:
- Meu deus, ele é meu pai!...

 E ele nela fixando o olhar que se despede e brilha,
 Num resto de calor e de ternura,
 Tão-somente murmura:
- Deus te guarde e abençoe
 Filha do coração, meu amor, minha filha!...
  pelo Espírito Maria Dolores - Do livro: Momentos de Ouro, Médium: Francisco Cândido Xavier.


 

Convocação





...Nós fomos chamados por Jesus para tornar o mundo melhor.

Não foi por acaso que na hora última a voz do Divino Pastor chegou até nós.

Não nos encontramos no mundo assinalados apenas pelos delitos e os erros pretéritos, somos os Servos do Senhor em processo de aperfeiçoamento para melhor servi-lo.

Nem a jactância dos presunçosos, nem a subestima dos que preferem a acomodação.

Servir, meus filhos, com a instrumentalidade de que disponhamos é o nosso dever.

Observamos que a seara cresce, mas os trabalhadores não se multiplicam geometricamente como seria de desejar, porque estamos aferrados aos hábitos doentios, que no momento da evolução antropológica, serviram-nos de base para a transformação do instinto em emoção edificante .

A maneira mais segura de preservar os valores do Evangelho de Jesus em nós é através da vinculação mental com o Nosso Condutor.

Saiamos da acomodação justificada de maneira incorreta para a ação. Abandonemos as reações perturbadoras e aprendamos as ações edificantes.

Sempre dizemos que necessitamos de Jesus, sem cuja Misericórdia estaríamos como náufragos perdidos na grande travessia da evolução, mas tenhamos em mente que Jesus necessita de nós, porque enquanto falamos a Ele pela oração Ele nos responde pela inspiração.

Ele age pelos nossos sentimentos através das nossas mãos. Sejam as mãos que ajudam, abençoadas em grau mais expressivo do que os lábios que murmuram preces contemplativas.

A nossa postura no mundo neste momento é de misericórdia.

Que nos importem os comentários deprimentes a nosso respeito, se valorizamos o mundo, respeitando os seus cânones e paradigmas? Não nos preocupemos com que o mundo pensa e fala de nós através de outros corações.

No belo ensinamento de Jesus na casa de Lázaro, enquanto Maria o ouve e Marta se afadiga temos uma lição extraordinária – não é necessário ficar numa contemplação de natureza egoística, mas é necessário aprender para poder servir.

A atitude de Marta é ansiosa, era a preocupação com o exterior. A atitude de Maria era iluminativa, a que parte dos tesouros sublimes da coragem e do amor, através da sabedoria, para poder melhor servir.

O serviço é o nosso campo de iluminação.

Nós outros, os companheiros da Vida Espiritual, acompanhamos as lágrimas que são vertidas pelos sentimentos de todos aqueles que nos suplicam ajuda e, interferimos com a nossa pequenez, junto ao Mestre Incomparável para que Ele leve ao Pai as nossas necessidades, mas bendigamos a dor sem qualquer laivo masoquista; agradeçamos a dor que nos desperta para a Verdade, e que nos dilui as ilusões; que faz naufragar as aventuras de consequências graves antes que aconteçam.

Estamos portanto convocados para a construção da Sociedade Nova, na qual o bem pairará soberano, como já ocorre, acima de todas e quaisquer vicissitudes.

Filhos da Alma, tende bom ânimo. Não recalcitreis contra o aguilhão nem vos permitais a deserção lamentável ou a parada perturbadora na escalada difícil da sublimação.

Jesus espera-nos, avancemos! Suplicando a Ele, o Amigo Incomparável de todos nós, envolvemos os afetuosos corações em dúlcidas vibrações de paz.

Na condição de servidor humílimo e paternal de sempre,

Bezerra ​

Muita paz



(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, ao final da conferência pública, realizada no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 14 de julho de 2011.


 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dieta Comportamental



Educação e a oração, constituem o equilibrado cardápio de luz que alimenta e plenifica o Espírito.” – François C. Liran

Somos, ao mesmo tempo, receptores e emissores de energia. Lançamos ao nosso derredor forças criativas ou destrutivas, agradáveis ou desagradáveis. À semelhança da aranha, estamos presos à própria teia das criações mentais a que damos origem. Daí afirmar Emmanuel:

Nossos pensamentos são paredes em que nos enclausuramos ou asas com que progredimos na ascese.[1]

Já dizia Jesus: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”[2], portanto, movemo-nos ao talante do nosso arbítrio íntimo. Destarte, só lograremos atingir o desiderato assinado pelo Pai a todas as criaturas, isto é, a perfeição e felicidade sem mescla, se conseguirmos nos elevar, com todos os elementos de nossa órbita, aos alcandorados sítios da Espiritualidade superior. Alteiam-se, aí, dois propulsores da ascese: a oração e a educação. Enquanto a oração nos dá o norte, a direção, portanto, a esperança, conectando-nos com os mananciais superiores da inspiração, a educação ensejará a difícil lapidação das arestas da intimidade psíquica, facultando ao Espírito em evolução a obediência, a resignação,
a confiança e a perseverança que o auxiliarão a seguir, sem desvios – intimorato e intemerato – o roteiro esboçado pelo Mais Alto.

A prece [adenda Emmanuel] traduzindo aspiração ardente de subida espiritual, através do conhecimento e da virtude, é a força que ilumina o ideal e santifica o trabalho. [...] o culto à prece é marcha decisiva[3].
A educação [diz Joanna de Ângelis] é o processo de adaptação aos superiores degraus da Vida espiritual para onde se segue.[4]

Por ancestral atavismo – remanescente da longa demora nos abissais sítios do instinto ainda estamos “encharcados” das induções primárias. Faz-se, pois, mister efetuar ingentes esforços para nos desembaraçarmos das teias vigorosas desses impulsos menos felizes, para que o crescimento em Espiritualidade venha a ser o corolário natural dessas batalhas íntimas.

A educação como ciência e arte de vida

À Educação está entregue a grave e árdua tarefa de desenvolver as tendências positivas ínsitas no Espírito e corrigir as inclinações malsãs que deságuam em quedas de vária ordem. Após milenares períodos de experiências palingenésicas, a própria vida tornou-se uma Escola de Reciclagem, onde – de observação em observação – o Espírito aprende a discernir o que é melhor ou pior para si mesmo, auxiliando-o no estabelecimento de um quadro de valores, de que se pode utilizar para a tranquilidade interior. Como ninguém é uma ilha, o isolacionismo não realiza criatura nenhuma. A sociedade se torna, então, educadora por excelência, ao oferecer as suas características gregárias. Por tudo isso, assiste toda razão a um “Espírito Amigo” ao afirmar:

O Evangelho é, quiçá, dos mais respeitáveis repositórios metodológicos de educação e da maior expressão de filosofia educacional. Não se limitando os seus ensinos a um breve período da Vida e sim prevendo-lhe a totalidade, propõe uma dieta comportamental sem os pieguismos nem os rigores exagerados que defluem do próprio conteúdo do ensino.

Quando os mecanismos da educação falecem, não permanece o aprendiz da Vida sem o concurso da evolução, que surge como dispositivo de dor, emulando-o ao crescimento com que se libertará da situação conflitante, afligente, corrigindo-o e facultando-lhe adquirir as experiências mais elevadas.

Os hábitos que se arraigam no corpo, procedentes do Espírito como lampejos e condicionamentos, retornam e se fixam como necessidades, sejam de qual expressão for, constituindo uma outra natureza nos refolhos do ser, a responder como liberdade ou escravidão, de acordo com a qualidade intrínseca de que se constituem.

Imperioso, portanto, conforme propôs Jesus, que se faça a paz com o “adversário enquanto se está no caminho com ele”,[5] vez que, amanhã, talvez seja muito tarde e bem mais difícil alcançá-lo. O mesmo axioma se pode aplicar à tarefa da educação: agora, enquanto é possível, moldar- -se o eu, antes que os hábitos e as acomodações perniciosas impeçam a tomada de posição, que é o passo inicial para o deslanchar sem reversão.[6]

Neste mundo de escarcéus, onde as procelas físicas e morais tendem a fazer malograr os esforços sintonizados com as faixas do bem, aprendamos a orar e a valorizar a educação, tendo ambas – oração e educação – como bagagens indispensáveis que deverão sempre nos acompanhar, conduzindo-nos com segurança através das veredas marcadas por aquele que é “o caminho, e a verdade, e a vida”. (João, 14:6.) Daí, inspiradamente, versar Auta de Souza:

Todo anseio da crença acalma
[as dores,
Toda prece é uma luz para
[quem chora,
A oração é o caminho cor de
[aurora
Para o sonho dos pobres
[pecadores!...[7]


Referências:
[1] XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 149.

Companheiros Alterados




Quantas pessoas te cruzam o caminho, em plenitude de sanidade física, suportando enfermidades espirituais que desconheces? Se conduzidas a exame num laboratório, mostrarão índices perfeitos de equilíbrio orgânico, entretanto, nos recesso do próprio ser, são doentes da alma, em estado grave, reclamando assistência.

Daí nasce o impositivo da serenidade e da tolerância, em observando o comportamento estranho ou registrando determinados conceitos que não esperávamos da atitude ou dos lábios daqueles que convivem conosco.

Esse amigo que se revelava, até ontem, inteiramente ao nosso lado, caminha hoje em direção oposta, ferindo-nos a sensibilidade; a esposa, dantes compreensiva e leal, distanciou-se psicologicamente de nós, ao toque de afinidades outras que haverá descoberto; o esposo devotado e fiel terá cedido a convites outros, abandonando-nos a companhia e desamparando os próprios filhos na idade tenra; esse ou aquele filho ou essa ou aquela filha, depois de crescidos, desprezaram os princípios que nos serviram de alicerces à vida, afastando-se-nos do caminho, conquanto o amor, que nos dediquem, lhes fique inalterável no coração.

Em semelhantes conflitos da alma, é indispensável saber ouvir e suportar, sem reclamações que lhes suscitariam perturbações de resultados imprevisíveis.

Ignoras quais as moléstias da alma de que estarão sendo portadores e, enquanto no corpo físico, não consegues avaliar as forças obsessivas que estarão agindo, por trás de alguém que a suposta normalidade parece favorecer.

Se encontras algum ente amado, em erro manifesto, suporta com paciência o desequilíbrio em andamento e se ouves opiniões contraditórias ou insensatas, não discutas, acirrando animosidade ou separação.

Acalma-te e fala, asserenando o ambiente em que te vês, porque uma só frase de incompreensão ou de azedume, pode ser o fator desencadeante de terrível brecha para a selvageria da delinqüência ou para as calamidades da obsessão.

livro: Inspiração, Médium: Francisco Cândido Xavier.


 

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Filme dos Espíritos

Esforço Diário


Toda dificuldade na ascensão reside nos problemas insignificantes da senda... Assim também, na caminhada humana, as questões mais ínfimas, se conduzidas pela imprudência, podem golpear duramente o coração. Observa o minuto de palestra, a opinião erradia, o gesto impensado... Podem converter-se em venenosas pedrinhas que cortam os pés, ameaçando-nos a estabilidade espiritual. Entendes, agora, a importância das bagatelas em nosso esforço diário?

sábado, 16 de julho de 2011

Programação espiritual



Antes de renascer na carne, cada Espírito elabora uma programação a cumprir.

Orientado por amorosos e sábios Guias, ele se decide por determinadas vivências.

Esse plano é habitualmente precedido de uma incursão pela memória do candidato à reencarnação.

Salvo o caso de almas muito valorosas, a recordação é algo restrita, a fim de não desequilibrar o Espírito.

É que uma parte muito considerável dos Espíritos cometeu incontáveis equívocos antes de optar pelo bem.

A misericórdia Divina costuma lançar um véu sobre o passado, para permitir o soerguimento do ser.

Mas chega uma hora em que ele já entesourou bastante compreensão da vida e se habituou a perdoar.

Quando a alma se ocupa de amar e esquece de condenar é que pode recordar mais amplamente o que viveu.

A compaixão que aplica naturalmente ao semelhante a credencia a conhecer seu histórico e a perdoar-se também.

Enquanto o amor não domina o ser, este segue tateando em sua evolução.

Mas sempre conta com o apoio de amigos mais evoluídos, que o auxiliam a planejar as futuras vivências.

O livre-arbítrio é costumeiramente respeitado e ninguém se obriga a viver o que não deseja.

O Espírito, por sua conta e risco, pode protelar por um tempo o próprio reajustamento com as leis cósmicas.

Entretanto, não há paz e bem-estar sem consciência tranqüila.

Mais cedo ou mais tarde, ele resolve se dignificar perante os próprios olhos.

O espetáculo da felicidade dos bons Espíritos é um estímulo tentador para quem segue na retaguarda.

Entre permanecer desequilibrado e trabalhar pela própria felicidade, o trabalho parece altamente desejável.

Certa exceção quanto à liberdade na escolha das provas e expiações ocorre no caso de Espíritos muito endurecidos.

Se a liberdade integra a Lei Divina, o mesmo ocorre com o progresso.

Todos os Espíritos devem evoluir para Deus.

Quando conscientes, participam ativamente das decisões sobre o que precisam viver.

É até comum que peçam provas demasiado rudes, no afã de progredir rapidamente.

Então, os amigos espirituais buscam convencê-los a serem mais modestos em sua pretensão.

É melhor avançar mais lentamente do que falir em um projeto grandioso.

Contudo, quando o Espírito é renitente no mal ou um contumaz preguiçoso, pode ser conduzido a uma existência que não deseja.

Seres que enlouqueceram em vivências cruéis ou que perderam o discernimento em rebeldias contra as Leis Divinas são momentaneamente tutelados em seu refazimento.

O ser é tão mais livre quanto mais consciente de seus deveres.

Não ocorreria a nenhum pai deixar a criança decidir se vai ou não para a escola.

Como nenhum pai sensato obrigaria o filho a cursar uma faculdade que detesta.

Em tudo, deve vigorar equilíbrio e respeito a quem tem maturidade para autodeterminar-se.

Assim, com base em liberdade, responsabilidade e conhecimento do passado, são programadas as existências terrenas.

Não se trata de um roteiro minucioso ou de um destino inexorável.

Alguns eventos marcantes são programados, mas a conduta a ser adotada é de inteira responsabilidade do reencarnante.

Este é livre para comportar-se dignamente ou para rebelar-se e fugir ao dever que se apresenta em sua vida.

O relevante é que ninguém é vítima indefesa de forças caprichosas ou arbitrárias.

Em tudo se tem a Justiça Cósmica, que aproveita erros e acertos humanos para conduzir os Espíritos à felicidade.




sexta-feira, 15 de julho de 2011

Esse Alguém



 E suportas, sem pausa, alma querida,
Doença, inquietação, infortúnio, tristeza,
No imenso desencanto da alma presa
No grande espinheiral de ansiedade e de dor...
Ninguém entende as lágrimas que choras,
Pois em tudo de bom que o mundo te oferece,
Retiras tão somente o socorro da prece,
Por doação de paz, no Céu, em teu favor.

Na vastidão da noite, entregue ao pensamento,
O silêncio é uma farpa em que te cortas...
Ajuntas esperanças semimortas,
Sem que a memória as possa carregar...
Onde os teus sonhos? Onde os teus projetos?
Todos se foram sob a ventania
Da provação que ruge e rodopia,
Extinguindo o prazer e deixando o pesar.

Entretanto, não temas. Luta e segue...
Alguém te escuta e vê a presença sofrida,
Resguardando-te a fé e amparando-te a vida,
Doando-te consolo, paz e luz.
Chora, sem atirar-te ao desespero,
Tolera a própria dor, por mais estranha,
No apoio desse alguém que te acompanha,
Maria Dolores - Do livro: Alma e Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier


 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Alinhar meu desejo ao de Deus



É muito normal e saudável querer que os outros aprovem
nossos esforços,
aparência, metas e comportamento.
Não há nada de errado nisso. Errado é precisar da
aprovação dos outros para viver nossas vidas.

“Hoje vou ser
livre. Não permitirei que ninguém
controle meus atos. Deixarei que Deus conceda
a única aprovação que conta.

Alinhar meu desejo
ao de Deus vai garantir isso.”

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Na Barca do Coração


Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas...
Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis -, levarem-te a dizer: - Que dia!
Lembra-te...
Caía a tarde e a multidão ainda estava reunida na praia.
Desde que o sol surgira, Jesus atendera as incontáveis súplicas daqueles que O buscavam. Mãos e lágrimas roçavam-Lhe o rosto e a túnica - antes tão limpa e alva - e agora, toda manchada de lamentos.
Finalmente, chegara às margens do lago, vencendo a dor e as tristezas dos sofredores. Aqueles que O viram deixando atrás de Si um rastro confortador de estrelas, perguntavam-se: - Quem será este Homem, a Quem as dores obedecem?
O céu acendia as cores da noite quando a barca de Pedro recolheu a preciosa carga.
Jamais Jesus mostrara na face sinais tão evidentes de cansaço.
Acomodado sobre uma almofada de couro, Sua majestosa cabeça pendeu sobre o peito, como um girassol real despedindo-se ao poente.
Seus lábios deixaram escapar um longo suspiro antes de adormecer.
Seus amigos pescadores não ousaram perturbar-Lhe o merecido sono, manejando remos com cuidado, auxiliados pelos sussurros de doce brisa.
O lago de Genesaré assemelhava-se a gigantesco espelho de prata ao luar, tranquilo e sereno como o Mestre adormecido.
Faltava pouco para completar a travessia, quando tudo transformou-se.
O tempo irou-se, sem aviso. Adensadas, as nuvens de gaze leve tornaram-se tenebrosa tempestade, e o lago esqueceu a calmaria, encrespando-se, açoitado pelo vento.
Para a barca, vencer a tormenta era como lutar contra vigoroso e invencível Titã. Pedro usou toda a sua força e sabedoria nos remos, gritando ordens que se perdiam entre as gargalhadas dos trovões e dos relâmpagos.
Os discípulos assustados correram a acordar Jesus que ainda dormia.
Mestre! - Exclamaram em coro desesperado. - Perecemos! Jesus, assim desperto, levantou-Se prontamente, equilibrando o corpo cansado muito ereto, apesar da barca que por pouco não naufragava.
Sua majestosa silhueta parecia estar envolta em misteriosa luz, quando ergueu os braços, ordenando à tempestade:
Calai-vos! E voltando-se para os amigos: - Acalmai-vos! Homens, onde está a vossa fé?
Os ventos emudeceram e o lago baixou suas ondas, aplacado por misterioso imperativo.
Os discípulos olhavam-se, num misto de surpresa e alívio.
Envergonhados, voltaram-se para os remos. No compasso ritmado avançava a barca, ao compasso do coração daqueles homens que se perguntavam: Quem será este Homem a Quem os ventos obedecem?
Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças, e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas...
Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis - levarem-te a dizer: - Que dia!
Lembra-te... Acorda a mensagem do Cristo adormecida em ti e... Acalma-te!

No Passeio Matinal




Dionísio, o moleiro, muito cedo partiu em companhia do filhinho, na direção de grande milharal.

A manhã se fizera linda.

Os montes próximos pareciam vestidos em gaze esvoaçante.

As folhas da erva, guardando, ainda, o orvalho noturno, assemelhavam-se a caprichoso tecido verde, enfeitado de pérolas. Flores vermelhas, aqui e ali, davam a idéia de jóias espalhadas no chão.

As árvores, muito grandes, à beira da estrada, despertavam, de leve, à passagem do vento.

O Sol aparecia, brilhante, revestindo a paisagem numa coroa resplandecente.

Reinaldo, o pequeno guiado pela mão paterna, seguia num deslumbramento. Não sabia o que mais admirar: se o lençol de neblina muito alva, se o horizonte inflamado de luz. Em dado momento, perguntou, feliz:

— Papai, de quem é todo este mundo?

— Tudo pertence ao Criador, meu filho —esclareceu o moleiro, satisfeito —; o Sol, o ar, as águas, as árvores e as flores, tudo, tudo, é obra dEle, nosso Pai e Senhor.

— Para que tudo isto? — continuou o petiz contente.

— A fim de recebermos esta escola divina, que é a Terra.

— Escola?

— Sim, filho — tornou o genitor paciente —, aqui devemos aprender, no trabalho, a amar-nos uns aos outros, aprimorando sentimentos, quanto devemos aperfeiçoar o solo que pisamos, transformando colinas, planícies e pedras em cidades, fazendas, estábulos, pomares, milharais e jardins.

Reinaldo não entendeu, de pronto, o que significava “aprimorar sentimentos”; contudo, sabia perfeitamente o que vinha a ser a remoção dum monte empedrado. Surpreso, voltou a indagar:

— Então, papai, somos obrigados a trabalhar tanto assim? Como será possível modificar este mundo tão grande?

O moleiro pensou alguns instantes e observou:

— Meu filho, já ouvi dizer que uma andorinha vagueava só, quando notou que um incêndio lavrava em seu campo predileto, O fogo consumia plantas e ninhos. Em vão, gritou por socorro. Reconhecendo que ninguém lhe escutava as súplicas, pôs-se rápida para o córrego não distante, mergulhando as pequenas asas na água fria e límpida; daí, voltava para a zona incendiada, sacudindo as asas molhadas sobre as chamas devoradoras, procurando apagá-las. Repetia a operação, já por muitas vezes, quando se aproximou um gavião preguiçoso, indagando-lhe com ironia: — “Você, em verdade, acredita combater um incêndio tão grande com algumas gotas dágua?“ A avezinha prestativa, porém, respondeu, calma: — "É provável que eu não possa fazer a obra toda; entretanto, sou imensamente feliz cumprindo o meu dever".

O moleiro fêz uma pausa e interrogou o filho:

— Não acredita você que podemos imitar semelhante exemplo? Se todos procedêssemos como a andorinha operosa e vigilante, em pouco tempo toda a Terra estaria transformada num paraíso.

O menino calou-se, entendendo a extensão do ensinamento e, no íntimo, contemplando a beleza do quadro matinal, desde as margens do caminho até a montanha distante, prometeu a si mesmo que procuraria cumprir no mundo todas as obrigações que lhe coubessem na obra sublime do Infinito Bem.

pelo Espírito Neio Lúcio- Do livro: Alvorada Cristã, Médium: Francisco Cândido Xavier


 

Dívida e Resgate



Tudo aconteceu no século XVIII. Ano de 1769.

Na grande fazenda, na Casa Grande, uma jovem extremamente bela planejava algo terrível.

Ela descobrira que seu noivo começara olhar de forma mais demorada para sua prima, Tereza Cristina.

Mas, pensava ela, de modo algum, Tereza Cristina me tirará o noivo, que é meu, só meu.

Seus sonhos de moça apaixonada não seriam destruídos pela prima.

Maria Amélia pensou muito durante toda a noite. No dia seguinte marcou um passeio a cavalo com Tereza Cristina.

Lembrou-se que, às margens do rio, havia abelhas mortíferas que, dias antes, tinham acabado com dois bois desprevenidos.

Era só colocar a prima ao alcance delas.

Mas como?

Surgiu então o plano. Assustar-lhe o cavalo, no local mais próximo às abelhas. A outra nada sabia a respeito da região perigosa. Maria Amélia dispararia a arma entre as patas do animal que, com certeza, a jogaria ao chão.

Depois, ela mesma se retiraria do local e pronto... tudo terminaria.

No dia seguinte, saíram as duas a passear. Quando se aproximaram da zona perigosa, Maria Amélia disparou a arma. O cavalo de Tereza Cristina empinou. A jovem caiu com um grito de dor.

Maria Amélia pôde ouvir o zumbido ameaçador das abelhas chegando. Golpeou seu próprio animal, afugentou a outra montaria e se afastou bem depressa.

De longe, pôde ouvir os gritos de Tereza Cristina sendo atacada pelas abelhas terríveis.

Mais tarde, o corpo da jovem foi encontrado. Estava deformado. Tudo pareceu um infeliz acidente.

O tiro que Maria Amélia disparou ninguém ouvira. Todos acreditaram que ela escapara, por milagre, e sua prima não tivera a mesma sorte.


O tempo passou. Duzentos anos depois, no ano de 1969, na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, os jornais traziam uma manchete: Abelhas voltam a atacar. Moça morre em um piquenique.

A notícia esclarecia que várias moças, reunidas em um piquenique, às margens de um riacho, tinham sido atacadas por abelhas ferozes.

Uma delas, a mais atingida, morrera num dos hospitais da cidade, enquanto era atendida pelos médicos.

Era Maria Amélia reencarnada. A Justiça Divina a alcançava agora, para resgatar sua dívida.

Sem necessidade de que ninguém servisse de intermediário, nem se tornasse seu algoz ou seu carrasco.

O povo diz que a justiça de Deus tarda, mas não falha. Na verdade, ela nunca chega tarde.

Chega sempre no tempo exato. No momento em que o Espírito, consciente dos erros que praticou, se dispõe ao resgate.

Realmente, nunca falha e jamais atinge pessoas inocentes. Nunca cobra além do que a pessoa deve.

Deus, que é justiça, é também misericórdia.

Se estamos sofrendo dores físicas ou morais, pensemos que chegou o nosso momento do reajuste.

Ninguém padece sendo inocente. Ninguém colhe o que não semeou.

Ajustemo-nos, assim, à Lei, sofrendo sem reclamar, com dignidade. Sem revolta e sem comodismo, porque as almas vencedoras são as que vencem a luta, por combaterem o bom combate até o fim.