fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Chico e Divaldo






Anfitrião e amigo de Divaldo Pereira Franco, amigo e constante visitante às tarefas de Chico Xavier, no início dos anos 1970 fomos portador de abraços e de recados de ambas as partes.

Finalmente, ocorreu o esperado reencontro. Amigos de ambos estavam presentes às primeiras reuniões com Chico Xavier, em Uberaba.

Entre as memoráveis reuniões com Chico e Divaldo, algumas nos marcaram muito.

Na tradicional reunião do Grupo Espírita da Prece, aos 14 de fevereiro de 1978, Divaldo proferiu uma bela exposição sobre Florence Nightingale, ao ensejo do estudo da questão no. 876 de O Livro dos Espíritos. Outros, inclusive nós, fizemos uso da palavra. Naquela noite, Chico permaneceu recolhido à câmara de psicografia durante oito horas consecutivas, atendendo ao receituário. Após seu retorno, por volta das duas horas da madrugada, ocorreram as psicografias em público. Chico Xavier psicografou uma página de Emmanuel, sobre os estudos da noite, e uma carta de um jovem desencarnado. Divaldo recebeu uma carta assinada por Lolo (apelido familiar de um tio nosso) e dirigida a mim e à minha esposa, que acompanhávamos a reunião1.

No dia seguinte, muitos visitantes acompanharam Chico Xavier à "peregrinação" vespertina. Chico cedeu a Divaldo todo o tempo disponível para a preleção sobre O Evangelho Segundo o Espiritismo. À noite, no Grupo Espírita da Prece, novamente se repetiram as psicografias. Desta feita, o tema central foi o "dia das mães" e quatro belas mensagens foram recebidas: de Maria Dolores, através de Chico Xavier; de Amélia Rodrigues, por Divaldo; de Meimei, por Marlene Rossi Severino Nobre e, de Emmanuel, por intermédio de uma colaboradora do Grupo Espírita da Prece.

Durante o ano de 1980, Divaldo assumiu um papel muito ativo na campanha para o "Prêmio Nobel da Paz 1981" para Chico Xavier.

Aos 5 de novembro de 1980 assistimos à cerimônia em que Divaldo Pereira Franco recebeu o título de "cidadão uberabense". Chico Xavier compareceu e usou da palavra na solenidade. A uberabense Altiva Noronha esmerou-se nos preparativos e na organização do evento.

Nos últimos dias de julho de 1983 foi lançado em Uberaba o livro "...E o amor continua", contendo mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier e por Divaldo Pereira Franco2. No novo livro foram incluídas cartas familiares recebidas por ambos, em reuniões públicas de Uberaba. A propósito, esclareceu Chico Xavier na referida obra: "Este livro é o ponto de junção de dois tarefeiros da mediunidade, expressando o sentimento e a palavra dos comunicantes amigos..." Além das mensagens familiares recebidas pelos dois médiuns, há o estudo para a identificação dos autores espirituais.

Outro encontro significativo dos dois tarefeiros, que presenciamos, aconteceu nos dias 14 e 15 de fevereiro de 1986. Na oportunidade, Divaldo fez explanação sobre os estudos da noite: paciência e "bem aventurados os aflitos" e psicografou mensagens de Joanna de Ângelis e cartas familiares. Entre estas, na noite de sábado, recebeu mensagem de Lourival Perri Chefaly, nosso tio. Este se dirigia à nós e a esposa Célia, à irmã Bebé e vários sobrinhos de Araçatuba e de Votuporanga, que acompanhavam as atividades daquele final de semana.

Notas:

1 – O autor comentou a mensagem na revista Presença Espírita (Salvador, junho de 1978) e incluiu-a no livro Em Louvor à Vida, em pareceria com Divaldo Pereira Franco, Salvador: Ed. LEAL, 1987.

2 – Editora LEAL, Salvador.

(Capítulo transcrição de: Perri de Carvalho, A.C. Chico Xavier. O homem e a obra. 1.ed. São Paulo: Ed.USE, 1997, p. 47-49)



A Negação de Pedro









O ato do Messias, lavando os pés de seus discípulos, encontrou certa incompreensão da parte de Simão Pedro. O velho pescador não concordava com semelhante ato de extrema submissão. E, chegada a sua vez, obtemperou, resoluto:

-Nunca me lavareis os pés, Mestre; meus companheiros estão sendo ingratos e duros neste instante, deixando-vos praticar esse gesto, como se fôsseis um escravo vulgar.
Em seguida a essas palavras, lançou à assembléia um olhar de reprovação e desprezo, enquanto Jesus lhe respondia:

-Simão, não queiras ser melhor que os teus irmãos de apostolado, em nenhuma circunstância da vida. Em verdade, assevero-te que, sem o meu auxílio, não participarás com meu espírito das alegrias supremas da redenção.
O antigo pescador de Cafarnaum aquietou-se um pouco, fazendo calar a voz de sua generosidade quase infantil.

Terminada a lição e retomando o seu lugar à mesa, o Mestre parecia meditar gravemente. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los com entristecida piedade, dando a entender que sua visão espiritual devassava os acontecimentos do futuro, sentenciou:

-Aproxima-se a hora do meu derradeiro testemunho! Sei, por antecipação, que todos vós estareis dispersados nesse instante supremo. É natural, porquanto ainda não estais preparados senão para aprender. Antes, porém, que eu parta, quero deixar-vos um novo mandamento, o de amar-vos uns aos outros como eu vos tenho amado; que sejais conhecidos como meus discípulos, não pela superioridade no mundo, pela demonstração de poderes espirituais, ou pelas vestes que envergueis na vida, mas pela revelação do amor com que vos amo, pela humildade que deverá ornar as vossas almas, pela boa disposição no sacrifício próprio.

Vendo que Jesus repetia uma vez mais aquelas recomendações de despedida, Pedro, dando expansão ao seu temperamento Irrequieto, adiantou-se, indagando:

-Afinal, Senhor, para onde ides?

O Mestre lhe lançou um olhar sereno, fazendo-lhe sentir o interesse que lhe causava a sua curiosidade e redarguiu:

-Ainda não te encontras preparado para seguir-me. O testemunho é de sacrifício e de extrema abnegação
a somente mais tarde entrarás na posse da fortaleza indíspensável.

Símão, no entanto, desejando provar por palavras aos companheiros o valor da sua dedicação, acrescentou, com certa ênfase, ao propósito de se impor à confiança do Messias:

-Não posso seguir-vos? Acaso, Mestre, podereis duvidar de minha coragem? Então, não sou um homem? Por vós darei a minha própria vida.

O Cristo sorriu e ponderou:

-Pedro, a tua inquietação se faz credora de novos ensinamentos. A experiência te ensinará melhores conclusões, porque, em verdade, te afirmo que esta noite o galo não cantará sem que me tenhas negado por três vezes.

-Julgai-me, então, um espírito mau e endurecido a esse ponto? indagou o pescador, sentindo-se ofendido
-Não, Pedro, adiantou o Mestre, com doçura —, não te suponho ingrato ou indiferente aos meus ensinos. Mas vais aprender, ainda hoje, que o homem do mundo é mais frágil do que perverso.

*

Pedro não quis acreditar nas afirmações do Messias e tão logo se verificara a sua prisão, no pressuposto de demonstrar o seu desassombro e boa disposição para a defesa do Evangelho do Reino, atacou com a espada um dos servos do sumo sacerdote de Jerusalém, compelindo o Mestre a mais severas observações. Consoante as afirmativas de Jesus, o colégio dos apóstolos se dispersara naquele momento de supremas resoluções. A humildade com que o Crísto se entregava desapontara a alguns deles, que não conseguiam compreender a transcendência daquele Reino de Deus, sublimado e distante.
Pedro e João, observando que a detenção do Mestre pelos emissários do Templo era fato consumado combinaram, entre si, acompanhar, de longe, o grupo que se afastava, conduzindo o Messias. Debalde, procuraram os demais companheiros que, receosos da perseguição haviam debandado.

Ambos, no entanto, desejavam prestar a Jesus o auxílio necessário. Quem sabe poderiam encontrar um recurso de salvá-lo? Era mister certificasse de todas as ocorrências. Recorreriam às suas humildes relações em Jerusalém, a favor do Mestre querido.

Compreendiam a extensão do perigo e as ameaças que lhes pesavam sobre
a fronte. De instante a instante, eram surpreendidos por homens do povo que, em palestra de caminho, acusavam a Jesus de feiticeiro e herético.

A noite caíra sobre a cidade.

Os dois discípulos observaram que a expedição de servos e soldados chegava à residência de Caifás, onde o Cristo foi recolhido a uma cela úmida, cujas grades davam para um pátio extenso.

O prisioneiro fora trancafiado, por entre zombarias e impropérios. Ao grupo reduzido, juntava-se agora a massa popular, então em pleno alvoroço festivo, nas comemorações da Páscoa. O pátio amplo foi invadido por uma aluvião de pessoas alegres.

Pedro e João compreenderam que as autoridades do Templo imprimiam caráter popular ao movimento de perseguição ao Messias, vingando-se de sua vitória na entrada triunfal em Jerusalém, como uma nova esperança para o coração dos desalentados e oprimidos.

Depois de ligeiro entendimento, o filho de Zebedeu voltou a Betânia, a fim de colocar a mãe de Jesus ao corrente dos fatos, enquanto Pedro se misturava à aglomeração, de maneira a observar em que poderia ser útil ao Messias.

O ambiente estava já preparado pelo farisaísmo para os tristes acontecimentos do dia imediato. Em todas as rodas, falava-se do Cristo como de um traidor ou revolucionário vulgar. Alguns comentadores mais exaltados o denunciavam como ladrão. Ridicularizava-se o seu ensinamento, zombava-se de sua exemplificação e não faltavam os que diziam, em voz alta, que o Profeta Nazareno havia chegado à cidade chefiando um bando de salteadores.
O velho pescador de Cafarnaum sentiu a hostilidade com que teria de lutar, para socorrer o Messias, e experimentou um frio angustioso no coração. Sua resolução parecia vencida. A alma ansiosa se deixava dominar por dúvidas e aflições. Começou a pensar nos seus familiares, em suas necessidades comuns, nas convenções de Jerusalém, que ele não poderia afrontar sem pesados castigos. Com o cérebro fervilhando de expectativas e cogitações de defesa própria, penetrou no extenso pátio, onde se adensava a multidão.
Para logo, uma das servas da casa se aproximou dele e exclamou, surpreendida:

-Não és tu um dos companheiros deste homem?- indagou, designando a cela onde Jesus se achava encarcerado.

O pescador refletiu um momento e, reconhecendo que o instante era decisivo, respondeu, dissimulando a própria emoção:

-Estás enganada. Não sou.
O apóstolo ponderou aquela primeira negativa e pôs-se a considerar que semelhante procedimento, aos seus olhos, era o mais razoável, porquanto tinha de empregar todas as possibilidades ao seu alcance, a favor de Jesus.
Fingindo despreocupação, o irmão de André se dirigiu a uma pequena aglomeração de populares, onde cada qual procurava esquivar-se ao frio intenso da noite, aquentando-se junto de um braseiro. Novamente um dos circunstantes, reconhecendo-o, o interpelou nestes termos:
-Então, vieste socorrer o teu Mestre?

- Que Mestre?- perguntou o pescador de Cafarnaum, entre receoso e assustado. - Nunca fui discípulo desse homem.

Fornecida essa explicação, todo o grupo se sentiu á vontade para comentar a situação do prisioneiro. Longas horas passaram-se para Simão Pedro, que tinha o coração a duelar-se com a própria consciência, naqueles instantes penosos em que fora chamado ao testemunho. A noite ia adiantada, quando alguns servidores vieram servir bilhas de vinho. Um deles, encarando o discípulo com certo espanto, exclamou de súbito:

-É este!... É bem aquele discípulo que nos atacou a espada, entre as árvores do horto!...

Simão ergueu-se, pálido, e protestou:

-Estás enganado, amigo! Vê que isso não seria possível!...

Logo que pronunciou sua derradeira negativa, os galos da vizinhança cantaram em vozes estridentes, anunciando a madrugada.

Pedro recordou as palavras do Mestre e sentiu-se perturbado por infinita angústia. Levantou-se cambaleante e, voltando-se instintivamente para a cela em que o Mestre se achava prisioneiro, viu o semblante sereno de Jesus a contemplá-lo através das grades singelas.

***

Presa de indizível remorso, o apóstolo retirou-se, envergonhado de si mesmo. Dando alguns passos, alcançou os muros exteriores, onde se deteve a chorar amargamente. Ele, que fora sempre homem ríspido e resoluto, que condenara invariavelmente os transviados da verdade e do bem, que nunca conseguira perdoar às mulheres mais infelizes, ali se encontrava, abatido como uma criança, em face de sua própria falta. Começava a entender a razão de certas experiências dolorosas de seus irmãos em humanidade. Em seu espírito como que desabrochava uma fonte de novas considerações pelos infortunados da vida. Desejava, ansiosamente, ajoelhar-se ante o Messias e suplicar-lhe perdão para a sua queda dolorosa.

Através do véu de lágrimas que lhe obscurecia os olhos, Simão Pedro experimentou uma visão consoladora e generosa. Figurou-se-lhe que o Mestre vinha vê-lo, em espírito, na solidão da noite, trazendo nos lábios aquele mesmo sorriso sereno de todos os dias. Ante a emoção confortadora e divina, Pedro ajoelhou-se e murmurou:
-Senhor, perdoai-me!

Mas, nesse instante, nada mais viu. Na confusão de seus angustiados pensamentos, luar alvíssimo enfeitava de luz as vielas desoladas. Foi aí que o antigo pescador refletiu mais austeramente, lembrando as advertências amigas de Jesus, quando lhe dizia: -“Pedro, o homem do mundo é mais frágil do que perverso!...”

Humberto de Campos/Chico Xavier

Do livro “BOA NOVA”, FEB.

 

Cura Real



 1. Cura real
2. Não trate apenas dos sintomas, tentando eliminá-los sem que a causa da enfermidade seja também extinta. A cura real somente acontece do interior para o exterior .....
3. Sim, diga a seu médico que voce tem dor no peito,mas diga também que sua dor é dor de tristeza, é dor de angústia.
4. Conte a seu médico que voce tem azia,mas descubra o motivo pelo qual você, com seu gênio, aumenta a produção de ácidos no estômago.
5. Relate que voce tem diabetes, no entanto, não se esqueça de dizer tambem que não está encontrando mais doçura em sua vida e que está muito difícil suportar o peso de suas frustrações.
6. Mencione que voce sofre de enxaqueca, todavia confesse que padece com seu perfeccionismo, com a autocrítica, que é muito sensível à crítica alheia e demasiadamente ansioso.
7. Muitos querem se curar, mas poucos estão dispostos a neutralizar em si o ácido da calúnia, o veneno da inveja, o bacilo do pessimismo e o câncer do egoismo. Não querem mudar de vida.
8. Procuram a cura de um câncer, mas se recusam a abrir mão de uma simples mágoa.
9. Pretendem a desobstrução das artérias coronárias, mas querem continuar com o peito fechado pelo rancor e pela agressividade.
10. Almejam a cura de problemas oculares, todavia não retiram dos olhos a venda do criticismo e da maledicência.
11. Pedem a solução para a depressão, entretanto, não abrem mão do orgulho ferido e do forte sentimento de decepção em relação a perdas experimentadas..
12. Suplicam auxílio para os problemas de tireóide, mas não cuidam de suas frustrações e ressentimentos, não levantam a voz para expressarem suas legítimas necessidades.
13. Imploram a cura de um nódulo de mama, todavia, insistem em manter bloqueada a ternura e a afetividade por conta das feridas emocionais do passado.
14. Clamam pela intercessão divina, porém permanecem surdos aos gritos de socorro que partem de pessoas muito próximas de si mesmos.
15. Deus nos fala através de mil modos; a enfermidade é um deles e por certo, o principal recado que lhe chega da sabedoria divina é que está faltando mais amor e harmonia em sua vida.
16. Toda cura é sempre uma autocura e o Evangelho de Jesus é a farmácia onde encontraremos os remédios que nos curam por dentro.
17. Há dois mil anos esses remédios estão à nossa disposição. Quando nos decidiremos?
18. Muita Paz Autor -
José Carlos De Lucca Livro - O Médico Jesus Musica –


 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sórdidos Porões





A civilização dita cristã no Ocidente ainda não compreendeu que Jesus é o exemplo da centralidade mais admirável que se conhece. Em todo o Seu ministério jamais houve lugar para a exclusão, para a exceção. Ele sempre Se caracterizou pela proposta de solidariedade humana e pela igualdade dos direitos humanos.

A Sua mensagem renovadora tem uma direção certa: a transformação moral da criatura para melhor, sempre e incessantemente. Nesse sentido, ninguém se pode considerar indene ao crescimento interior ou excluído da oportunidade.

Jamais o Mestre preferiu aquele que tem mais ou que pensa ser mais, preterindo aqueloutros detestados, marginalizados, esquecidos.

À semelhança dos profetas antigos Ele veio resgatar os mais sofridos, os mais perseguidos, os mais desesperados. Não há lugar em Sua palavra para qualquer tipo de preconceito. Ele próprio pertenceu a um lugar de excluídos, conforme anotou João no comentário feito por Natanael, quando convidado por Filipe para conhecê-lO: - Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? (Jo. I-46).

Não poucas vezes Ele sofreu o opróbrio, a humilhação, o acinte, a perseguição sistemática.

Conhecendo, portanto, a hediondez da perversidade e injustiça humanas, Ele colocou no centro aqueles que são empurrados para a periferia, para a marginalidade, fazendo com eles um pacto de amor. É esse amor que viceja em toda a mensagem neotestamentária, renovando as esperanças do mundo e apontando um rumo de segurança onde predomine a vera fraternidade.

Os indivíduos que se apresentam como sendo mais poderosos, mais possuidores, também não foram rejeitados, porquanto Ele sabia que esses, igualmente são infelizes, refugiando-se no terror, na opressão, na vingança, na exploração do seu próximo, através de cujos artifícios se sentem seguros nos tronos de mentira em que se sentam.

Os opressores, os perseguidores, são pessoas que perderam a direção de si mesmos, tornando os corações empedrados, por não se permitirem a doçura que tanto desejam e de que sentem irresistível falta. Invejam-na em quem a tem, e por isso, através da projeção do seu conflito, perseguem-no implacavelmente, com violência, como se a houvessem roubado do seu sacrário íntimo.

Jesus respeitou todas as vidas, concedendo o direito de cidadania igualitária a todos quantos adotassem o reino de Deus e se empenhassem pelo conseguir.

Os modernos cristãos, conforme ocorreu com muitos outros no passado, não compreenderam esse ensinamento, que registraram no cérebro, mas não insculpiram nos sentimentos. São capazes de abordar o tema da solidariedade com lágrimas, no entanto, não saem do pedestal em que se encastelam, para proporcionar centralidade ao seu próximo, arrancando-o da periferia marginalizadora.

* * *

Não obstante as gloriosas conquistas culturais, científicas e tecnológicas, o ser humano ainda mantém o seu próximo em muitos porões de exclusão, que são habitados pelos que se fizeram ou foram tornados marginais: crianças que se prostituem por imposição da crueldade moral, geradora da miséria socioeconômica, pela escravidão do indivíduo que não tem escolha e perdeu a liberdade de decisão e de movimento, e os que vivem nas ruas do mundo, desconsiderados e sem quaisquer direitos, perfeitamente descartáveis pela sociedade hedonista.

Suas dores, suas necessidades são propositalmente ignoradas, e não raro, tidos como lixo social, são assassinados, exilados, expulsos dos seus guetos, porque enxovalham a sociedade que os excluiu.

Trata-se de hediondez da modernidade, que somente pensa no crescimento horizontal do seu poder e da sua libertinagem, esquecendo-se do ser humano em si mesmo, que é o grande investimento da vida.

Nesse lixo social, encontram-se também muitas joias perdidas: homens e mulheres de bem e de valor, que derraparam nas ruelas da existência e não tiveram resistência para enfrentar e vencer as vicissitudes, enveredando pelo alcoolismo, pela toxicomania, pela perversão de conduta nos vícios sexuais, vivendo nos escuros porões que lhes servem de refúgio.

Perdida a dignidade humana, eles relutam para permanecer nesses sítios de vergonha e sombras, sendo denominados como criminosos, mesmo que crime algum hajam cometido.

Rotulados de lixo, criminosos, excluídos, gentalha, perdem a identidade e não se encorajam a recuperar a sua humanidade, que lhes foi tirada e nunca devolvida.

Afirma-se que esses irmãos da agonia se recusam a sair dos porões onde se encontram, e que, ao serem retirados, fogem de retorno aos mesmos lugares onde se entregam aos disparates da vergonha moral. Talvez tenham razão com a exceção, jamais com a totalidade.

Ocorre, muitas vezes, que se encontram enfermos, sem autoconfiança, sem nenhuma autoestima, e autopunem-se, após haverem sido torturados, estuprados, pervertidos. A sua terapia de recuperação é lenta, quanto o foi a imposição da degradação, da perda de sentido existencial.

É impressionante observar como poucos cristãos dão-se conta do que está ocorrendo a sua volta e poderá atingir o seu castelo de refúgio e de ilusão.

Mesmo quando vêm à superfície as denúncias contra a dignidade violada do seu próximo e ele aparece como fantasma apavorante, esses cristãos cerram os olhos para não o ver e tapam os ouvidos, a fim de não escutar o clamor da sua voz, porque isso os perturba e inquieta, tirando-lhes alguns momentos de sono ou de excesso de alimentos.

...E confessam a crença em Deus, a Quem dizem amar, em Jesus, que tomam por modelo teórico, mas não lhe seguem os ensinamentos libertadores.

Perfumados e bem vestidos evitam o contato com eles, nunca se permitem ir aos porões, temem-nos e abandonam-nos, quando os deveriam visitar e amar, procurando conviver com eles, trazendo-os à luz do dia da compreensão de todos.

Eles ficam nos seus porões e os cristãos nos seus esconderijos de luxo e de proteção com medo deles, aqueles a quem Jesus procurou trazer para o centro, retirando-os do abismo escuro em que se refugiavam.

* * *

Felizmente, nem todos os cristãos se escondem do seu próximo retido nos porões. Eles denunciam a sua existência, tentam arrancá-los dos sórdidos lugares onde jazem, esquecidos e perseguidos, recordando-se de Jesus, e imitando-0.

Raia uma luz na treva em favor dos excluídos, ainda muito débil é certo, mas que se expandirá como o rosto brilhante da manhã após a noite renitente, que vai devorada pela claridade.

O novo Cristianismo propõe que se acabem com os porões, que se recicle o lixo social mediante os mecanismos do amor, que se traga para o centro da comunidade todos aqueles que têm sido excluídos, de forma que a sociedade se torne verdadeiramente digna do Mestre e Senhor, que é Modelo e Guia para todos através dos evos...

Joanna de Ângelis

Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no dia 13 de julho de 2000, em Paramirim, Bahia.

A alegria do trabalho





Um grande pesquisador da alma humana, interessado em estudar os sentimentos alimentados no íntimo de cada ser, resolveu iniciar sua busca junto àqueles que estavam em pleno exercício de suas profissões.

Dirigiu-se, então, a um edifício em construção e ali permaneceu por algum tempo a observar cada um daqueles que, de uma forma ou de outra, faziam com que um amontoado de materiais fossem tomando forma de um arranha-céu.

Depois de observar cuidadosamente, aproximou-se de um dos pedreiros que empurrava um carrinho de mão, cheio de pedras e lhe perguntou:

Poderia me dizer o que está fazendo?

O pedreiro, com acentuada irritação, devolveu-lhe outra pergunta:

O senhor não está vendo que estou carregando pedras?

O pesquisador andou mais alguns metros e inquiriu a outro trabalhador que, como o anterior, também empurrava um carrinho repleto de pedras:

Posso saber o que você está fazendo?

O interpelado respondeu com presteza:

Estou trabalhando, afinal, preciso prover meu próprio sustento e da minha família.

Mais alguns passos e o estudioso acercou-se de outro trabalhador e lhe fez a mesma pergunta.

O funcionário soltou cuidadosamente o carrinho de pedras no chão, levantou os olhos para contemplar o edifício que já contava com vários pisos e, com brilho no olhar, que refletia seu entusiasmo, falou:

Ah, meu amigo! eu estou ajudando a construir este majestoso edifício!


Neste relato singelo, encontramos motivos de profundas reflexões acerca do trabalho.

Em primeiro lugar, devemos entender que o trabalho não é castigo: é bênção. Deve, por isso mesmo, ser executado com prazer.

E o meio de conseguirmos isso consiste em reduzir o quanto possível o cunho egoístico de que o mesmo se reveste em nosso meio.

O trabalho é lei da natureza, mediante a qual o homem forja o próprio progresso, desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida.

Desde as imperiosas necessidades de comer e beber, defender-se das intempéries até os processos de garantia e preservação da espécie, o homem se vê compelido à obediência à Lei do trabalho.

O trabalho, no entanto, não se restringe apenas ao esforço de ordem material, física mas, também, intelectual, pelo labor desenvolvido, objetivando as manifestações da cultura, do conhecimento, da arte, da ciência.

Dessa forma, meditemos no valor do trabalho, ainda que tenhamos que enfrentar tantas vezes um superior mal humorado, um subalterno relapso, porque as Leis Divinas nos situam exatamente onde necessitamos. No lugar certo, com as pessoas certas, no momento exato.

Convém que observemos a natureza e busquemos imitá-la, florescendo e produzindo frutos onde Deus nos plantou.

E, se alguém nos perguntar o que estamos fazendo, pensemos bem antes de responder, pois da nossa resposta depende a avaliação que as leis maiores farão de nós.

Será que estamos trabalhando com o objetivo de enriquecer somente os bolsos, ou pensamos em enriquecer também o cérebro e o coração?




Aceitação


Amadurecimento
Aceita a vida que Deus te deu.

Aceita-te como és.

Aceita teus familiares.

Aceita teus conflitos.

Aceita tuas decepções.

Aceita tua parentela.

Aceita tuas dificuldades financeiras.

Aceita tuas desilusões.

Aceita as ingratidões contra ti.

Aceita tudo e todos.

Aceita atos e atitudes e faze o melhor que puderes.

Aceitar não quer dizer aplaudir e fazer o mesmo, mas compreender que cada um de nós tem e faz o que pode, que cada indivíduo está num grau diferente de evolução. Portanto, aceita o próximo como ele é.

Tu, porém, aceita, mas trabalha em favor de teu adiantamento espiritual e autoconhecimento, e assim será mais feliz, livre de amargores e sentimentos que te aprisionam a vida interior.

“Entende o que eu digo; e o Senhor te dará compreensão em todas as coisas.” A compreensão de Deus virá junto com a sabedoria, e ela te conduzirá à aceitação plena dos potenciais humanos, desenvolvidos ou não – seja de natureza intelectual, seja de natureza espiritual e emocional.

Portanto, aceita-te como és; aceita teu próximo e faze sempre o teu melhor.

Com isso alcançarás vitória sobre teus conflitos existenciais e encontrarás o devido valor para todas as coisas da vida.



Fonte: extraído do livro “Um modo de entender uma nova forma de viver”, de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed. Editora Boa Nova.


Obem é incansável



E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” – Paulo. (II TessaLonicenses, 3:13.)



É muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cansadas de praticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegações não procedem de fonte pura.

Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos interesses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tédio vizinho da desesperação, quando não podem atender a propósitos egoísticos.

É indispensável muita prudência quando essa ou aquela circunstância nos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido.

O aprendiz sincero não ignora que Jesus exerce o seu ministério de amor sem exaurir-se, desde o princípio da organização planetária. Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez terá o Mestre sentido o espinho de nossa ingratidão, identificando-nos o recuo aos trabalhos da nossa própria iluminação; todavia, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntários e criminosos, jamais se esgotou a paciência do Cristo que nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braços para a atividade renovadora.

Se Ele nos tem suportado e esperado através de tantos séculos, por que não poderemos experimentar de ânimo firme algumas pequenas decepções durante alguns dias?

A observação de Paulo aos tessalonicenses, portanto, é muito justa. Se nos entediarmos na prática do bem, semelhante desastre expressará em verdade que ainda nos não foi possível a emersão do mal de nós mesmos.



Fonte: extraído do livro “Pão Nosso”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel


Nos momentos graves




Use calma. A vida pode ser um bom estado de luta, mas o estado de guerra nunca será uma vida boa.

Não delibere apressadamente. As circunstâncias, filhas dos Desígnios Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto.

Evite lágrimas inoportunas. O pranto pode complicar os enigmas ao invés de resolvê-los.

Se você errou desastradamente, não se precipite no desespero. O reerguimento é a melhor medida para aquele que cai.

Tenha paciência. Se você não chega a dominar-se, debalde buscará o entendimento de quem não o compreende ainda.

Se a questão é excessivamente complexa, espere mais um dia ou mais uma semana, a fim de solucioná-la. O tempo não passa em vão.

A pretexto de defender alguém, não penetre o círculo barulhento. Há Pessoas que fazem muito ruído por simples questão de gosto.

Seja comedido nas resoluções e atitudes. Nos instantes graves, nossa realidade espiritual é mais visível.

Em qualquer apreciação, alusiva a segundas e terceiras pessoas, tenha cuidado. Em outras ocasiões, outras pessoas serão chamadas a fim de se referirem a você.

Em hora alguma proclame seus méritos individuais, porque qualquer qualidade excelente é muito problemática no quadro de nossas aquisições. Lembre-se de que a virtude não é uma voz que fala, e, sim, um poder que irradia.



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.

Ditado pelo Espírito André Luiz.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Bem


Atendamos assim ao bem, onde estivermos, agora, hoje, amanhã e sempre, na certeza de que o bem que realizamos é a única luz do caminho infinito e que jamais se apagará.

Leis


O pensamento escolhe.
A Ação realiza.
O homem conduz o barco da vida com os remos do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar.
Eis porque, segundo as Leis que nos regem,

"a cada um será dado segundo suas próprias obras".
Emmanuel

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sorrir



“Sorri quando a dor te torturar

E a saudade atormentar

Os teus dias tristonhos vazios



Sorri quando tudo terminar

Quando nada mais restar

Do teu sonho encantador



Sorri quando o sol perder a luz

E sentires uma cruz

Nos teus ombros cansados doridos



Sorri vai mentindo a sua dor

E ao notar que tu sorris

Todo mundo irá supor



Que és feliz”



Charles Chaplin


Nos Tempos Novos






Não desconhecemos a complexidade de nossos chamados tempos novos na Terra.

Ouro e mais ouro e penúria e mais penúria. Ascensões a outros mundos e mergulhos na aflição.

Ajuntamentos que valem por multidões e multidões reunidas e solidão para milhares de criaturas que desfalecem à míngua de amor.

Cultura acadêmica laureando legiões de pessoas e conflitos desencadeados por toda parte como se a escola não existisse.

Métodos de renovação e conservação do corpo e processos de criminalidade rebaixando milhões de almas à condição dos brutos.

Em toda parte chocantes antinomias, contrastes dolorosos evidenciando a distância em que se patenteiam o cérebro e o coração.

Tudo nos convida ao retorno para o Cristo.

Não queremos dizer que a riqueza, a instrução, a abundância e a ciência não devam ser glorificadas, mas sim que é indispensável alçar o sentimento ao nível do raciocínio, a fim de que a felicidade não seja um conceito vazio entre os homens.

Trabalhar pelo mundo melhor é nosso dever de todos os instantes, não só edificando para os olhos, e sim também construindo igualmente santuários de amor e paz, invisíveis à humana percepção mas palpáveis no reino da alma, para que a Terra encontre a finalidade de seus próprios destinos.

Espírito Batuira - Do livro: Mais Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier.


Conciência





Trazendo a sua consciência tranqüila, nos deveres que a vida lhe deu a cumprir, você pode e deve viver a sua vida tranqüila, sem qualquer necessidade de ser infeliz. Auxilie aos outros sem afligir-se demasiado com os problemas que apresentem, porque eles mesmos desejam solucioná-los por si próprios. Não se fixe tão fortemente nos aspectos exteriores dos acontecimentos e sim coloque a sua visão interna nos fatos em curso, a fim de que a compreensão lhe clareie os raciocínios. Dedique-se ao seu trabalho com todos os recursos disponíveis, reconhecendo que se houver alguma necessidade de modificação em suas atividades, a sua própria tarefa lhe fará sentir isso sem palavras. Se você experimentou algum fracasso na execução dos seus ideais, não culpe disso senão a você mesmo, refletindo na melhor... maneira de efetuar o reajuste. Se você realizar corretamente o seu trabalho, os seus clientes ou beneficiários virão de longe procurar o valor de sua experiência e de seu concurso. Em qualquer indecisão, valorize os pareceres dos amigos que lhe falem do assunto, mas conserve a convicção de que a decisão será sempre de você mesmo. Uma atitude de simpatia para com o próximo é sempre uma porta aberta em seu auxílio agora e no futuro. Mesmo nas horas mais aflitivas procure agir com serenidade e discernimento, porque de tudo quanto fizermos colheremos sempre. A desculpa ante as faltas de que você tenha sido vítima, invariavelmente, é ação em seu próprio favor. Quando provações e dificuldades lhe pareçam aumentadas, guarde paciência e otimismo, trabalhando e servindo, na certeza de que Deus faz sempre o melhor.
 Chico Xavier

Desafios





"A vida é cheia de términos e novos começos. A cada curva há algo que nos desafia, seja o novo, formidável, ou simplesmente o familiar. O que para uns é uma montanha intransponível, para outros é um desafio a vencer. O que se torna sombrio para alguns, ainda permanece iluminado para outros. Os otimistas vêem o caminho à frente, os pessimistas ficam tão ocupados em olhar para trás que não conseguem ver a solução bem diante deles. Se ficarmos segurando a corda que nos arrasta para trás não teremos mãos livres para agarrar a corda que nos puxa para frente."


Saber Esperar




A arte de esperar nos faz chegar ao objeto de desejo com mais segurança e tranquilidade. Percurso que nos permite identificar o que realmente queremos, e separar o que realmente nos será proveitoso. Desta forma, aproveitaremos melhor a oportunidade de alcançar o desejado, não sucumbindo às ilusões do que acreditamos ele ser, pois estaremos preparados para encontrar sua verdadeira face. 





 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Senhor é o meu Pastor,



O Senhor é o meu Pastor,

Nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos,

Guia-me mansamente

A águas mui tranquilas,

Refrigera minh’alma,

Guia-me nas veredas da justiça

Por amor do seu nome.

Ainda que eu andasse

Pelo vale das sombras da morte,

Não temeria mal algum

Porque Tu estás comigo...

A tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas-me o banquete do amor

Na presença dos meus inimigos,

Unges de perfume a minha cabeça,

O meu cálice transborda de júbilo!...

Certamente,

A bondade e a misericórdia

Seguirão todos os dias de minha vida

E habitarei na Casa do Senhor

Por longos dias...



Essa exaltação é de fundamental importância, não apenas para tornar produtiva e disciplinada a existência nos dias tranquilos, mas também para favorecer o equilíbrio e a serenidade quando desabam as tormentas existenciais, reconhecendo, segundo a expressão evangélica, que até os fios de nossa cabeça estão contados (Mateus, 10:30), isto é, o Senhor conhece-nos melhor do que nós mesmos e nos oferece experiências compatíveis com nossas necessidades, sem jamais ultrapassar nossa capacidade de suportá-las, cobrando-nos em suaves prestações débitos que nos esmagariam se fôssemos convocados a resgatá-los numa só parcela.

Pedir é o segundo propósito na oração, algo perfeitamente admissível, um direito de todo filho que se dirige a seu pai.

Por quê? Afinal, Deus conhece perfeitamente nossas necessidades...

Quem raciocina assim desconhece que a oração não objetiva trazer Deus até nós, mas de elevar-nos até Ele; nem se trata de expor nossos desejos e, sim, de criar condições para receber Suas bênçãos, que se espalham por todo o Universo. Estamos mergulhados nelas, diz André Luiz, como peixes no oceano. Todavia, para que as assimilemos é preciso que preparemos o coração, a fim de não nos situarmos como um homem que morre de sede, embora dentro de uma piscina, por recusar-se a abrir a boca.

Há quem reclame que suas preces não são ouvidas. É que pedimos o que queremos; Deus nos dá o que precisamos, e raramente compatibilizamos desejos e necessidades legítimas. A criança com uma fratura na perna pedirá mil vezes a seu pai que a liberte do gesso que a incomoda. Não será atendida, em seu próprio benefício. Todos temos fraturas morais. Se pretendemos que o Senhor nos libere de sofrimentos e dificuldades retificadoras, fatalmente colheremos decepções.

O ideal, portanto, não é pedir que Deus nos favoreça nas situações da Terra, mas que nos fortaleça para as realizações do Céu, inspirando-nos o comportamento mais adequado, a atitude mais digna, o esforço mais nobre.

Em Recados do Além, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Emmanuel oferece um modelo perfeito para esse tipo de oração, com palavras singelas que dizem tudo:



Jesus! Reconheço que a Tua vontade é sempre o melhor para cada um de nós; mas se me permites algo pedir-Te, rogo me auxilies a ser uma bênção para os outros.

Deixai secar primeiro




Contam que Carlyle, o célebre historiador escocês, quando ainda era muito moço, teve uma questão bastante grave com um dos seus companheiros. Um dia, sentindo-se insultado, declarou que ia imediatamente exigir satisfações daquele que o havia ofendido.

Um velho professor, informado do caso, aproximou-se de Carlyle e disse-lhe:

Meu caro amigo. Tenho longa experiência de vida e conheço as consequências tristes dos atos impetuosos.

Um insulto é como a lama que cai em nossa blusa. A lama pode ser retirada facilmente, com uma simples escova, quando já está seca.

Deixe secar primeiro. Não seja apressado. Espere até que se acalme, e verá como tudo será facilmente resolvido.

Carlyle aceitou o conselho do professor, e o resultado foi tão feliz que, no dia seguinte, o colega que o insultara veio lhe pedir desculpas.

Malba Tahan, nesta rica passagem, vem nos dizer que, dada a grande diversidade de temperamentos e caracteres humanos, não nos é possível viver em paz com o próximo, sem refrearmos a ira, e insistirmos na prática da mansidão.

Nenhuma resolução sadia pode ser tomada com ímpeto.

Às vezes, numa ação impensada, numa reação violenta, podemos comprometer séculos e séculos de nossas existências.

Alguns segundos de invigilância, permitindo que um pequeno ato de vingança se externe, pode gerar um compromisso imenso para o futuro, através da Lei de causa e efeito, que prevê a colheita obrigatória de tudo aquilo que livremente plantamos.

Vale a pena esperar. Vale a pena o esforço de conter um impulso naquele momento em que o nervosismo procura reinar.

Contar até dez. Tomar um banho frio. Fazer uma oração, pedindo auxílio a Deus. Parar tudo que estamos fazendo e refletir para não reagir sem pensar.

Vale a pena o esforço. Vale a pena ter calma.

Se algum dia você for vítima de uma violência, não revide.

Quando receber injúrias, não procure se defender atacando.

Se for caluniado, não acumule ódio e ressentimento em sua alma.

Sabemos que é difícil compreender, perdoar, ainda, mas precisamos começar, precisamos desenvolver esta virtude em nossos corações.

Os maiores beneficiados com isso seremos nós mesmos, pois deixaremos de ser depósitos de sentimentos impuros, desequilibrados, que insistem em nos fazer infelizes.


A Terra recebeu, na figura de um homem muito simples, um grande defensor da não-violência.

Mahatma Gandhi, o líder religioso indiano que comandou centenas de hindus, foi a lição viva da desnecessidade da violência para resolver problemas.

Eis aqui um sábio pensamento seu:

Não-violência e covardia são termos contraditórios. A não-violência é a maior das virtudes, enquanto a covardia é o maior dos vícios.

A não-violência provém do amor, a covardia do ódio.

A não-violência sempre sofre, enquanto a covardia sempre gera o sofrimento.

A perfeita não-violência é a maior das bravuras.

Sua conduta não é jamais desmoralizante, enquanto a forma da covardia se conduzir sempre o é.



Deixai secar primeiro, do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Record

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória





“Mas, tendo sido semeado, cresce.” – Jesus. (Marcos, 4:32.)



É razoável que todos os homens procurem compreender a substância dos atos que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo das circunstâncias, porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.

O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.

Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-nos à chamada “morte no pecado”. Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles constitui largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das paixões ingratas.

Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma ansiosa.

Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal, tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que regem a vida.

“Caminho, Verdade e Vida”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. Federação Espírita Brasileira.

O Grande Aliado

 

“Matar o homem velho”, “extinguir sombras”, “vencer o passado” – expressões que comumente são usadas para o processo da mudança interior. Contudo, todos sabemos, à luz dos princípios universais das Leis Naturais, que não existe morte ou extinção, e sim transformação. Jamais matamos o “homem velho”, podemos sim conquistá-lo, renová-lo, educá-lo.
Não eliminamos nada do que fomos um dia, transformamos para melhor. Ao invés de ser contra o que fomos, precisamos aprender uma relação pacífica de aceitação sem conformismo a fim de fazer do “homem velho” um grande aliado no aperfeiçoamento.
Portanto, as expressões que melhor significado apresenta para a tarefa íntima de melhoria espiritual serão “harmonia com a sombra” e “conquistar o passado”, que redundam em uma das mais belas e sublimes palavras dos dicionários humanos: educação.
Nossas imperfeições são balizas demarcatórias do que devemos evitar, um aprendizado que pode ser aproveitado para avançarmos. A postura de “ser contra” o passado é um processo de negação do que fomos, do qual a astúcia do orgulho aproveita para encobrir com ilusões acerca de nossa personalidade.
Reformar é formar novamente, dar nova forma. Reforma íntima nada mais é que dar nova direção aos valores que já possuímos e corrigir deficiências cujas raízes ignoramos ou não temos motivação para mudar. É dar nova direção a qualidades que foram desenvolvidas na horizontalidade evolutiva, que conduziram o homem à conquistas do mundo transitório. Agora, sob a tutela da visão imortalista, compete-nos dirigir os valores que amealhamos na verticalidade para Deus, orientando as forças morais para as vitórias eternas nos rumos da elevação espiritual pelo sentimento.
Reforma íntima não pode ser entendida como a destruição de algo para construção de algo novo, dentro de padrões preestabelicidos de fora para dentro, e sim como a aquisição da consciência de si para aprender a ser, a existir, a se realizar como criatura rica de sentidos e plena de utilidade perante a vida.
Carl Gustav Jung, o pai da psicologia analítica, asseverou: “Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos.”
É uma questão de aprender a ser. Somo um projeto de existir criados para a felicidade, compete-nos, pois, o dever individual de executar esse projeto, e isso só é possível quando escolhemos realizar e ser em plenitude através da conquista do “eu imaginário” em direção ao “eu real”.
Imperfeições são nosso patrimônio. Serão transformadas, jamais exterminadas.
Interiorização é conquistar nossa “sombra”, elevando-a à condição de luz do bem para a qual fomos criados.
Portanto, esse adversário interior deve se tornar nosso grande aliado, sendo amavelmente “doutrinado” para servir ao luminoso ideal do homem lúcido e integral para o qual, inevitavelmente, todos caminhamos.

“Reforma Íntima”, de Wanderley S.de Oliveira, pelo espírito Ermance Dufaux. Editora INEDE.

A crítica



Os dicionários definem crítica como sendo um exame detalhado que visa a salientar as qualidades ou os defeitos do objeto a ser julgado. É comum encontrarmos alguém criticando o trabalho de outro sem tê-lo vivenciado pessoalmente, isto é, desaprovando o que nem sequer tentou fazer. Tudo isso faz parte da incoerência humana.

A crítica nociva é característica de indivíduos que não realizam nada de importante, não enfrentam desafios nem se arriscam a mudanças. Ficam sentados, observando o que as pessoas dizem, fazem e pensam para, depois, filosofar improdutivamente sobre as realizações alheias, usando suas elucubrações dissociadas do equilíbrio. As discordâncias são perfeitamente saudáveis e normais, desde que estejam fundamentadas em fatos concretos e não nos vapores das suposições ou das projeções da consciência.

A crítica pode ser construtiva e útil. Cada um de nós pode, livremente, optar entre o papel de ironizar e o de realizar.

Em verdade, para se viver com equilíbrio mental, emocional e social, é necessário, acima de tudo, respeitar os direitos dos outros, assim como queremos que os nossos sejam respeitados.

O crítico, por vigiar e espreitar sem interrupção os problemas alheios, permanece inconsciente e imobilizado em relação à própria aprendizagem evolucional; portanto, sua possibilidade de integralizar novos conceitos e experiências é quase nula. Quanto mais ele projeta a culpa e a acusação ao mundo exterior, recusando cumprir sua aprendizagem conscientemente, mais sofrerá com os reflexos de suas atitudes.

Jesus Cristo, conhecendo os traços de caráter da humanidade terrena em evolução, advertiu-os: “Ouvi-me, vós todos, e compreendei. Nada há, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele, isso é que contamina o homem.”

A tendência em julgar e criticar os outros, com intenção maldosa, recebe a denominação de malícia; em outras palavras, o indivíduo nessas condições vê os outros com os olhos da “própria maldade”.



“As dores da alma”, de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed. Editora Boa Nova.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Desculpas



Sabe o que há de errado com “desculpa”?
Ela oferece às pessoas a idéia errada de que os
erros podem ser resolvidos por uma palavra.

Ingratidão



“Se o ingrato percebesse o fel da amargura que lhe invadirá, mais tarde o coração, não perpetuaria o delito da indiferença”.Emmanuel

Uma rosa para Chico Xavier






Quando mergulhou no corpo físico, para o ministério que deveria desenvolver, tudo eram expectativas e promessas.

Aquinhoado com incomum patrimônio de bênçãos, especialmente na área da mediunidade,

Mensageiros da Luz prometeram inspirá-lo e ampará-lo durante todo o tempo em que se encontrasse na trajetória física, advertindo-o dos perigos da travessia no mar encapelado das paixões bem como das lutas que deveria travar para alcançar o porto de segurança.

Orfandade, perseguições rudes na infância, solidão e amargura estabeleceram o cerco que lhe poderia ter dificultado o avanço, porém, as providências superiores auxiliaram-no a vencer esses desafios mais rudes e a crescer interiormente no rumo do objetivo de iluminação.

Adversários do ontem que se haviam reencarnado também, crivaram-no de aflições e de crueldade durante toda a existência orgânica, mas ele conseguiu amá-los, jamais devolvendo as mesmas farpas, os espículos e o mal que lhe dirigiam.

Experimentou abandono e descrédito, necessidades de toda ordem, tentações incontáveis que lhe rondaram os passos ameaçando-lhe a integridade moral, mas não cedeu ao dinheiro, ao sexo, às projeções enganosas da sociedade, nem aos sentimentos vis.

Sempre se manteve em clima de harmonia, sintonizado com as Fontes Geradoras da Vida, de onde hauria coragem e forças para não desfalecer.

Trabalhando infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, e acendendo o archote da fé racional que distendia através dos incomuns testemunhos mediúnicos, iluminou vidas que se tornaram faróis e amparo para outras tantas existências.

Nunca se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas pessoais ou justificativas para os seus atos.

Lentamente, pelo exemplo, pela probidade e pelo esforço de herói cristão, sensibilizou o povo e os seu líderes, que passaram a amá-lo, tornou-se parâmetro do comportamento, transformando-se em pessoa de referência para as informações seguras sobre o Mundo Espiritual e os fenômenos da mediunidade.

Sua palavra doce e ungida de bondade sempre soava ensinando, direcionando e encaminhando as pessoas que o buscavam para a senda do Bem.

Em contínuo contato com o seu Anjo tutelar, nunca o decepcionou, extraviando-se na estrada do dever, mantendo disciplina e fidelidade ao compromisso assumido.

Abandonado por uns e por outros, afetos e amigos, conhecidos ou não, jamais deixou de realizar o seu compromisso para com a Vida, nunca desertando das suas tarefas.

As enfermidades minaram-lhe as energias, mas ele as renovava através da oração e do exercício intérmino da caridade.

A claridade dos olhos diminuiu até quase apagar-se, no entanto a visão interior tornou-se mais poderosa para penetrar nos arcanos da Espiritualidade.

Nunca se escusou a ajudar, mas nunca deu trabalho a ninguém.

Seus silêncios homéricos falaram mais alto do que as discussões perturbadoras e os debates insensatos que aconteciam a sua volta e longe dele, sobre a Doutrina que esposava e os seus sublimes ensinamentos.

Tornou-se a maior antena parapsíquica do seu tempo, conseguindo viajar fora do corpo, quando parcialmente desdobrado pelo sono natural, assim como penetrar em mentes e corações para melhor ajudá-los, tanto quanto tornando- -se maleável aos Espíritos que o utilizaram por quase setenta e cinco anos de devotamento e de re-núncia na mediunidade luminosa.

Por isso mesmo, o seu foi mediumato incomparável.

...E ao desencarnar, suave e docemente, permitindo que o corpo se aquietasse, ascendeu nos rumos do Infinito, sendo recebido por Jesus, que o acolheu com a Sua bondade, asseverando-lhe:

– Descansa, por um pouco, meu filho, a fim de esqueceres as tristezas da Terra e desfrutares das inefáveis alegrias do reino dos Céus.



JOANNA DE ÂNGELIS



(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 2 de julho de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Deus conta conosco




Certa feita, um nobre Doutor, pediu a um motorista que o levasse urgente para atender a um paciente em determinado bairro da cidade.

O motorista lhe respondeu que não podia, que iria se deitar, pois já era tarde.

O médico insistiu, dizendo que precisava atender a um chamado urgente…

O motorista respondeu insatisfeito:

Estou cansado! Vire-se por aí. O que não falta são veículos…

O doutor insistiu um tanto mais.

Mas é tarde. Estamos perdendo tempo enquanto uma vida se vai diluindo. Seja rápido, leve-me por favor…

Irritado, o motorista arrancou o carro e saiu resmungando:

Ora essa. Era só o que me faltava aparecer. Não levo ninguém. Vou é dormir.

Chegando à casa, que estava em alaridos e expectativas, o motorista mal-humorado defrontou com o filhinho de 5 anos em lamentável convulsão, semiasfixiado.

Sem saber o que fazer, propôs colocá-lo no veículo para conduzi-lo ao Pronto Socorro, quando outro carro estacionou à porta e um médico saltou apressado.

O médico examinou o caso e identificou o grande mal asmático. Aplicou imediatamente uma adrenalina no pequeno, ensejando reação orgânica que lhe permitia conduzir o paciente ao hospital com possibilidades de salvação.

O motorista olhou o venerável senhor e baixou os olhos, envergonhado. Era o médico que ele se negara a trazer há pouco.

O paciente a quem o médico precisava atender, com urgência, era seu próprio filho.

Tantas vezes nos negamos a atender a um pedido que nos é feito porque achamos que não tem nada a ver conosco.

Esquecemos a recomendação de Jesus de fazermos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.

Diz-nos o bom senso que devemos fazer o bem sem olhar a quem, e para o praticarmos uma única condição é necessária: a de que alguém precise do nosso auxílio.

Não importa quem seja, que religião professe, a que nível social pertença.

Nada disso importa se levarmos em conta que somos todos filhos do mesmo Pai, do Criador do Universo que a todos nos colocou no mundo para que nos ajudemos mutuamente.

Costumamos dizer com frequência: Que Deus te ajude!

E temos também que nos perguntar:

Como é que Deus vai ajudar as pessoas, senão através das próprias pessoas?

É importante que pensemos nisso. Deus conta conosco, e cada vez que alguém precisar de ajuda, nos questionemos: E se fosse um ente muito caro ao meu coração? Como é que eu gostaria que o tratassem?

Agindo assim, jamais nos arrependeremos e certamente estaremos construindo um mundo bem melhor para todos nós.


 

domingo, 22 de janeiro de 2012

O farol





Em meio ao mar, surge a construção de pedras, solene. É um farol, destinado a orientar o rumo dos viajores, nas noites escuras.

Quem quer que viaje em alto mar se sente seguro quando, em meio à escuridão, vê surgir o farol.
Ele está lá para servir, para advertir, para salvar.

A sua luz se projeta a distâncias enormes e, espancando a escuridão, permite que os que navegam possam perceber a proximidade dos recifes, os perigos imersos na noite.

O mar investe contra ele, noite e dia. Lança sobre ele as suas ondas, com furor. Vagas enormes lambem as pedras que se erguem, majestosas.

No fluxo e refluxo das ondas, o farol continua a iluminar, imperturbável.

Seu objetivo é servir. Noite após noite, ele estende a sua luz. Não se incomoda com os continuados e perigosos golpes que o mar lhe desfere.

Se, em algumas noites, ninguém se aproxima, desejando a sua orientação, também não se perturba.
Solitário, ele lança sua luminosidade, sem se preocupar com o isolamento.

Ele continua a postos para qualquer eventualidade, quando a necessidade surja, quando alguém precise dele.

No mar das experiências em que nos encontramos, aprendamos a trabalhar e cooperar, sem desânimo.

Permaneçamos sempre a postos, prontos a estender as mãos a quem necessite. Poderá ser um amigo, um irmão ou simplesmente alguém a quem nunca vimos.

Com certeza não solucionaremos todos os problemas do mundo. No entanto, podemos contribuir para que isso aconteça.
Se não podemos impedir a guerra, temos recursos para evitar as discussões perturbadoras que nos alcançam.

Se não conseguimos alimentar a multidão esfaimada, podemos oferecer o pão generoso para alguém.

Se não dispomos de saúde para doar aos enfermos, podemos socorrer alguém que sofre dores, oferecendo a medicação devida. Talvez possamos ser o intermediário entre o doente e o hospital, facilitando-lhe o internamento.

Se não podemos resolver a questão do analfabetismo, podemos criar condições propícias para que alguém tenha acesso à escola.

Mais do que isso. Podemos nos interessar pelos filhos dos que nos servem, buscando saber se não lhes faltam cadernos e livros, para a continuidade dos estudos básicos.

Enfim, o importante é continuarmos a fazer a nossa parte, contribuindo com a claridade que possamos projetar, por mínima que seja.

Imitemos o farol em pleno mar. Aprendamos a fazer luz.

A maior glória da alma que deseja ser feliz é transformar-se em luz na estrada de alguém.

O raio de luz penetra a furna, levando claridade. Estende-se sobre o vale sombrio e desata o verdor da paisagem.

Atinge a gota dágua e a transforma em um diamante finíssimo.

Viaja pelo ar e aquece as vidas.

Como a luz, podemos desfazer sombras nos corações e drenar pântanos nas almas. Podemos refazer esperanças e projetar alegrias.

Enfim, como raios de luz espalhemos brilho e calor, beleza, harmonia e segurança
Raul Teixeira