fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ORAÇÃO DIANTE DO TEMPO

 


Senhor Jesus!
 Diante do calendário que se renova, deixa que nos ajoelhemos para implorar-te compaixão.
 Tu que Eras antes que fôssemos, que nos tutelastes, em nome do Criador, na noite insondável das origens, não desvies de nós Teu olhar, para que não venhamos a perder o adubo do sangue e das lágrimas, oriundos das civilizações que morreram sob o guante da violência!...
 Determinaste que o Tempo, à feição de ministro silencioso de tua justiça, nos seguisse todos os passos...
 E, com os séculos, carregamos o pedregulho da ilusão, dele extraindo o ouro da experiência.
 Do berço para o túmulo e do túmulo para o berço, temos sido senhores e escravos, ricos e pobres, fidalgos e plebeus.
 Entretanto, em todas as posições, temos vivido em fuga constante da verdade, à caça de triunfo e dominação para o nosso velho egoísmo.
 Na governança, nutríamos a vaidade e a miséria.
 Na subalternidade, alentávamos o desespero e a insubmissão.
 Na fortuna, éramos orgulhosos e inúteis.
 Na carência, vivíamos intemperantes e despeitados.
 Administrando, alongávamos o crime.
 Obedecendo, atendíamos à vingança.
 Resistíamos a todos os teus apelos, em tenebrosos labirintos de opressão e delinqüência, quando vieste ensinar-nos o caminho libertador.
 Não Te limitaste a crer na glória do Pai Celeste.
 Estendeste-Lhe a incomparável bondade.
 Não Te circunscreveste à fé que renova.
 Abraçaste o amor que redime.
 Não Te detiveste entre os eleitos da virtude.
 Comungaste o ambiente das vítimas do mal, para reconduzi-las ao bem.
 Não Te ilhaste na oração pura e simples.
 Ofertaste mãos amigas às necessidades alheias.
 Não Te isolaste, junto à dignidade venerável de Salomé, a venturosa mãe dos filhos de Zebedeu.
 Acolheste a Madalena, possuída de sete gênios sombrios.
 Não consideraste tão-somente a Bartimeu, o mendigo cego.
 Consagraste generosa atenção a Zaqueu, o rico necessitado.
 Não apenas aconselhaste a fraternidade aos semelhantes.
 Praticaste-a com devotamento e carinho, da intimidade do lar ao sol meridiano da praça pública.
 Não pregaste a doutrina do perdão e da renúncia exclusivamente para os outros.
 Aceitaste a cruz do escárnio e da morte, com abnegação e humildade, a fim de que aprendêssemos a procurar contigo a divina ressurreição...

 Entretanto, ainda hoje, decorridos quase vinte séculos sobre o teu sacrifício, não temos senão lágrimas de remorso e arrependimento para fecundar o Saara de nossos corações...
 Em teu nome, discípulos infiéis que temos sido, espalhamos nuvens de discórdia e crueldade nos horizontes de toda a Terra! É por isso que o Tempo nos encontra hoje tão pobres e desventurados como ontem, por desleais ao teu Evangelho de Redenção.
 Não nos deixeis, contudo, órfãos de tua bênção...
 No oceano encapelado das provações que merecemos, a tempestade ruge em pavorosos açoites... Nosso mundo, Senhor, é uma embarcação que estala aos golpes rijos do vento. Entre as convulsões da procela que nos arrasta e o abismo que nos espreita, clamamos por teu socorro! E confiamos em que te levantarás luminoso e imaculado sobre a onda móvel e traiçoeira, aplacando a fúria dos elementos e exclamando para nós, como outrora disseste aos discípulos aterrados: – “Homens de pouca fé, porque duvidastes?”.
 Irmão X - Do livro: Cartas e Crônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier.
 

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