fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

sábado, 30 de abril de 2011

O Livro Espírita





O Espírito Albino Teixeira, em mensagem ditada ao médium Francisco Cândido Xavier - constante de “Paz e Renovação”, 9a edição do Ide, Instituto de Difusão Espírita, página 72 -, asseverou, dentre outros conceitos importantes, que o espírita é o companheiro da humanidade que possui tanto anseio de luz que não cessa de estudar, sejam quais forem as circunstâncias. Não foi por outra razão que o Espírito da Verdade preconizou: “Espíritas! Amai-vos; este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo”. É na combinação do amor e do conhecimento que nós avançaremos no rumo certo da evolução. E para que essa mistura encontre a dose certa, o livro espírita é instrumento indispensável.

Ninguém poderá se dizer adepto da Terceira Revelação se não for amigo do livro espírita! Não bastará ter dotes mediúnicos, ver espíritos , dar passes e proferir palestras. É preciso, antes de mais nada, conhecer o Espiritismo. E isso só será possível com a leitura de obras espíritas. Quando Divaldo Pereira Franco, o maior orador espírita da atualidade, começou o exercício da mediunidade, há mais de cinquenta anos, os Espíritos disseram-lhe que ele era médium, mas não era espírita. E Divaldo perguntou aos Benfeitores como então poderia se tornar espírita, ao que Eles responderam, conforme “Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas”, edição da Use - União das Sociedades Espíritas, 2a edição, página 72:

- “A única forma de ser espírita é começar pelo começo: estudar O Livro dos Espíritos”.

O exemplo serve-nos de feliz advertência, porque temos uma certa tendência para falar de assuntos sobre os quais não temos o devido conhecimento. Muitas vezes falamos e escrevemos coisas em nome do Espiritismo e que, na verdade, não encontram na Doutrina o menor fundamento. Outras vezes, por desconhecimento do que se contém nas Obras Básicas da Codificação, semeamos dúvidas sobre questões que já foram explicadas pelos Benfeitores Celestiais. Por exemplo: já ouvi de várias pessoas que o Espiritismo proíbe o consumo de alimentos de origem animal. Aqueles que fazem essa afirmação, desconhecem por completo a resposta à pergunta 723 de O Livro dos Espíritos, esclarecendo a questão.
 Por isso, jamais poderemos nos afastar das obras da Codificação. O médium e escritor Carlos Baccelli, certamente um dos maiores conhecedores da vida de Francisco Cândido Xavier, com quem conviveu por muitos anos, conta-nos em “O Evangelho de Chico Xavier”, Casa Editora Espírita Didier, que, por diversas vezes, quando visitava o Chico em sua casa, surpreendia-o lendo O Evangelho Segundo o Espiritismo e o médium se justificava, dizendo que estava estudando um pouco...

Por isso, a vivência da Doutrina Espírita, ao lado da prática evangélica requer estudo contínuo. Yvonne Pereira, que tanto amou e tão bem serviu à Celeste Doutrina, adverte-nos em “A Luz do Consolador”, 1a edição da Feb - Federação Espírita Brasileira, página 149:

“O estudo fiel e dedicado dos Evangelhos, portanto, e também da Doutrina dos Espíritos, é indispensável àquele que deseje prestar a sua colaboração. Não se aprendem tais noções em um ou dois anos, ou apenas por meio de intuições ou, ainda, por ouvir falar a seu respeito. São aquisições difíceis, que requerem perseverança e muito amor, humildade e raciocínio isento de personalismos e conveniências. Há, sim, sutilezas importantes, detalhes significativos, dos quais somente após algum tempo de dedicação nos poderemos apossar. Teremos que nos renovar para a Doutrina: aprimorar nossa moral, educar a mente e o coração, mas jamais deturpá-la com as nossas opiniões pessoais, sempre prejudicadas”.

O livro espírita, é, portanto, um farol a iluminar o nosso caminho. Mas também é um tesouro de alto valor que não pode ser ocultado das criaturas. Retê-lo, segundo o Espírito Marcelo Ribeiro, em “Terapêutica de Emergência”, Leal Editora, página 163, psicografia de Divaldo Pereira Franco, constitui crime de avareza, considerando-se a fome de luz de que padecem as criaturas.


Por isso, a Casa Espírita deve ter como tarefa primordial a divulgação do livro espírita, porquanto devemos fazer do Centro Espírita uma verdadeira escola. Não a escola acadêmica, com notas e faltas, reprovações e diplomas, mas a escola de almas e de sentimentos, a escola que promove o estudo e o autoconhecimento. Nada no Centro Espírita pode ser mais importante do que a própria Doutrina. Não compreendemos, por isso, a existência de bibliotecas e livrarias espíritas trancadas a cadeado! Não podemos admitir dirigentes que vetam a divulgação do livro espírita nos trabalhos assistenciais, sob a infeliz e falsa preocupação de que não deve se praticar o comércio na Casa Espírita. Esses mesmos dirigentes, porém, promovem - em seguida - bingos, rifas e loterias. Onde a coerência? Quem, de fato, pratica o comércio? Quando vendemos um livro espírita estamos distribuindo luz, consolo e esclarecimento. E o que há de tão pecaminoso em reverter o lucro (pequeno, por sinal), que se tem com a venda do livro para a manutenção da Casa Espírita? Por acaso o Centro vive só de vibrações? Por acaso não se pagam impostos? Não se pagam taxas de consumo de água e luz? E as reformas da casa? A limpeza? Que mal há em custear essas despesas com a venda de livros espíritas?

Por outro lado, não creio ser verdadeira a justificativa de que o povo não gosta de ler, por isso não compra livros. Acredito que o problema é de incentivo à leitura, de falar do livro espírita de forma agradável e positiva, de abrir as salas do centro para a leitura, de tirar o pó dos livros, de quebrar os cadeados do tesouro que temos em nossas mãos, de colocar o livro na rua, nas praças públicas, nos presídios, nos hospitais e nas mãos das nossas crianças e jovens. Precisamos levar o livro espírita para fora dos limites do centro espírita. Há pessoas que desenvolvem trabalhos maravilhosos nesse sentido, como aquele que me contou uma senhora do Rio Grande do Sul, após uma palestra que proferi naquele estado. Ela narrou-me que resolveu comprar livros espíritas com a ajuda financeira de amigas e os distribui nas ruas, hospitais, locais de prostituição, presídios; deixa-os, deliberadamente, em praças públicas, bancos de ônibus, residências, etc. Ela é uma semeadora de luz, promovendo o livro espírita.



Nunca esquecer, todavia, que temos um ponto de partida: as Obras Básicas da Codificação, pois sem elas o Espiritismo não cumpriria com os superiores objetivos para os quais o Cristo o enviou. Esse marco inicial não pode ser desprezado por todos aqueles que desejam conhecer o Espiritismo e, muito menos, por aqueles que desejam divulgá-lo. Gosto de um pensamento de Butler, um escritor inglês do século passado:

“Os livros mais velhos, para quem não os leu, acabam de ser publicados”.

Há muito por fazer pelo livro espírita. É chegada a hora da tão sonhada unificação dos espíritas. Por que não começá-la pelo livro espírita? Por que não desenvolvemos campanhas conjuntas de incentivo à leitura das obras espíritas básicas? Por que não unir editoras, escritores, divulgadores do livro e expositores em torno da divulgação do pensamento espírita por intermédio do livro? O livro espírita poderá ser o nosso elo de união e a mola propulsora da expansão da Celeste Doutrina. O mundo está faminto de luz, tanto quanto há milhares de pessoas morrendo de fome. Seremos responsáveis pela inanição espiritual das criaturas se não soubermos valorizar os livros espíritas. Não se põe a candeia debaixo da cama, da mesma forma que não se põe o livro, lamparina de luz, trancado nas prateleiras da nossa indiferença. Somos responsáveis por isso. A Espiritualidade Superior se desdobra em esforços contínuos para que a luz do conhecimento e da esperança atinjam o maior número possível de pessoas. Devemos ser, na qualidade de médiuns, capazes de ampliar esse esforço celeste de alimentar as criaturas sedentas de iluminação e paz.

Vamos finalizar com uma indagação:

O que eu poderia fazer para promover o livro espírita?

Para responder essa questão, lembremo-nos da canção:

“quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”.
 

JOSÉ CARLOS DE LUCCA é juiz de direito, professor universitário, orador e escritor espírita, autor dos livros “Sem medo de ser feliz” (mais de 60 mil exemplares editados), e “Justiça além da vida”. É membro fundador e representante, em São Paulo, da Abrame - Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas e da Udesp - União dos Delegados Espíritas do Estado de São Paulo, é colaborador da Casa Transitória Fabiano de Cristo e da Feesp - Federação Espírita do Estado de São Paulo

José Carlos de Lucca em O Livro Espírita.


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