fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O verão





Richard Simonetti

Como você responderia, leitor amigo, se eu lhe perguntasse, em relação às estações do ano: qual a sua preferida?          

            Talvez escolhesse a primavera, flores desabrochando, ar perfumado, manhãs luminosas...
            Talvez o outono, brisa fresca, tapete de folhas pelo chão, revoadas de pássaros…
Talvez o inverno, tempo de dormir bem, chocolate, pipocas, chá fumegante no aconchego do lar...
            Dificilmente, em nosso país tropical, alguém escolheria o verão, que serve muito bem ao povo que vai à praia, mas é terrível nas atividades diárias, calor sufocante, ar parado, transpiração, odores indesejados…
            Fizeram essa mesma pergunta a Chico Xavier:
            – Qual a sua estação preferida?

            Resposta de pronto:

            – O verão.

            – Por quê?

            – O pobre sofre menos.

            Nas pequenas coisas identificamos o Espírito superior, sempre cogitando do bem-estar do próximo.





                                                   



            A Doutrina Espírita explica que estamos na Terra para evoluir.

            Sofrimentos, dores, atribulações, dificuldades, lutas, desbastam nossas imperfeições mais grosseiras para que nasça em nós aquele homem novo a que se referia o Apóstolo Paulo (Efésios, 4:22-24):


            …que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.



            Pois bem, leitor amigo, reflita:

Qual seria a primeira providência nesse particular?
A meu ver, seria mudar de pessoa na conjugação do verbo de nossas ações.
            Usamos, quase invariavelmente, a primeira pessoa do singular, eu, sob inspiração do egoísmo.
            O comprometimento com o vício, o crime, a irresponsabilidade, a desonestidade e todos os males da vida social, decorre dessa conjugação centrada no eu.
            O Bem começa quando nos dispomos a usar a terceira pessoa do plural – eles, sob inspiração do altruísmo.
            Se todos cogitássemos não do eu, mas do eles, acabaríamos com guerras, brigas, crimes, miséria e todos os males do Mundo, que se sustentam, invariavelmente, na primeira pessoa do singular.
            Se você analisar a vida dos grandes vultos da Humanidade, aqueles que pontificaram no esforço do Bem e da Verdade, perceberá claramente que os distinguia a preocupação com o semelhante, algo que, diga-se de passagem, Jesus ensinou e vivenciou.
            Exemplo típico encontramos em Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), extraordinária servidora do Cristo.
            Suas colocações sobre o amor ao semelhante, que se manifesta no empenho de servir, são notáveis:


Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.


O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso.

O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela o oceano será menor.


Quando descanso? Descanso no amor.



A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporcioneis apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.



Às portas do paraíso, São Pedro me disse: – Volte à Terra, Teresa, aqui não há favelas.





                                                           ***



            Por que nos sentimos tensos, nervosos, irritados, desanimados, infelizes?

            É que a primeira pessoa do singular pesa demais sobre nossos ombros.
            O eles é leve, diáfano, voejante, principalmente quando conjugado com afeto.
            É o que garante o vigor de missionários aparentemente frágeis como Madre Teresa de Calcutá e Chico Xavier, sempre ativos e dispostos a servir, porque descansam no amor.

 

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