fundo

Quando aceitamos o que recebemos, vivemos melhor. Quando as adversidades nos ensinam a nadar, atravessamos o mar. Quando as barreiras dizem que não podemos e não somos capazes, podemos nos redobrar de forças e vencer os obstáculos .

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Conquistas Externas e Internas



O homem moderno, criador de excelente tecnologia e descobridor de inúmeras leis que regem o universo e a vida, teima por ignorar a Lei de Amor, fator causal da felicidade e expressão máxima do Divino Pensamento.
Graças aos engenhos sofisticados da Astronáutica logrou alunissar repetidas vezes, e suas admiráveis naves espaciais viajam na direção de outros planetas do Sistema Solar, procurando aprofundar os conhecimentos em torno da Criação, da vida e das suas manifestações.
As distâncias exteriores têm sido conquistadas a cada dia e a cada hora, aproximando-o
dos diferentes corpos celestes e variados lugares terrestres. As velocidades são alcançadas de forma desafiadora, já havendo ultrapassado a do som nas suas viagens super confortáveis.
Importâncias inimagináveis são gastas por minuto no esforço de preservar a paz, equipando-se com armamentos para as guerras, ao mesmo tempo investindo outras tantas para ultrapassar os espaços já vencidos.
Tem-lhe sido relativamente fácil superar esses desafios.
Obstinadamente, porém, não vence a distância emocional, que o isola, no lar, dos demais familiares; no escritório, dos demais colegas; na sociedade, das outras pessoas.
Mergulhado no oceano dos conflitos que o afogam, ainda não se resolveu por sair do abismo a que se vem arrojando, a fim de viver próximo do seu irmão, em comunhão de elevada solidariedade, encontrando-se a ao seu familiar, com o seu companheiro, com o desconhecido que se lhe tornaria amigo, com o desafeto que se lhe transformaria em colaborador.
As experiências que decorrem das viagens para fora, mais isolam no ninho doméstico, no lugar de trabalho, na comunidade.
Busca relacionamentos novos com pessoas que vivem longe, durante as férias, que logo se diluem no esquecimento ou na indiferença, e quando necessita de afetos e amizades coloca anúncios nos jornais, afirmando-se pessoa injustificavelmente tímida.
Há um abismo que separa o homem externo do interno; entre aquele que vence as distâncias físicas, mas não se auto-encontra; que resolve as dificuldades de fora e não equaciona as de dentro, evitando-as, mascarando-as, transferindo-as no tempo.
Inevitavelmente, esse indivíduo faz-se de vítima da própria conduta, tornando-se inseguro, insatisfeito, alienando-se.
As verbas colossais que são desviadas para as nobres conquistas espaciais poderiam, também, pelo menos em parte, ser aplicadas para minorar ou eliminar a fome, algumas doenças epidêmicas e pandêmicas, a desnutrição, para aumentar as oportunidades de trabalho, alterando a paisagem sociomoral das demais criaturas.
Como conseqüência da sua falta de discernimento para o bem geral, imediato como futuro, sofre os imperativos da consciência culpada, cedendo espaço a diversas fobias, que mais o afastam da convivência humana e fraternal, isolando-o mais.
Deixa-se, assim, arrastar pela desconfiança, transforma-se em eremita.
Por outro lado, as necessidades que assolam a Humanidade, concomitantemente com as glórias da cultura que caracterizam o século, afligem multidões que se estiolam em lutas intérminas fomentadas pela miséria de várias ordens.
Dores, quase superlativas, amesquinham o homem hodierno, que ainda não se encorajou a amar quanto deveria, prosseguido em corrida louca, na fuga de si mesmo.
Esse comportamento propicia o surgimento de distúrbios emocionais, que têm causas nas pressões psicossociais, socioeconômicas, sociomorais e outras.
Atrela à inquietação íntima, procura o prazer até a exaustão dos sentidos, e logo depois imerge em estados depressivos profundos, por falta de motivação e sentido psicológico para a existência física.
Noutras situações, busca o êxito que lhe assegure satisfações hedonistas, passando a acumular recursos amoedados, títulos, posições sociais, na mesma faixa dos valores externos de efêmera duração, que não têm poderes para apaziguar-lhe as ânsias dos sentimentos, as realizações pessoais de profundidade.
O triunfo, em tais casos, afigura-se como o relevo social, as comodidade econômicas, os privilégios na comunidade, e exaure-se, nessa busca, reunindo e desperdiçando, temeroso pelo futuro e pela perda do brilho que se aplica, não atendendo ao chamado do amor, que plenifica por dentro, que possuindo coisas ou deixando de tê-las.
Considera como segurança a polpuda conta bancária, as jóias de alto preço, os bens imobiliários luxuosos, os veículos caros, girando as suas aspirações em torna dessas metas, a fim de poder desfrutar dos prazeres que elas facultam.
A saturação, a irritabilidade e o tédio são-lhe futuros estados pessoais, que o empurrarão para os alcoólicos, as drogas, o sexo descomprometido e comprado, a loucura, o suicídio ou as excitações que decorrem do crime, assim como das atitudes ilícitas, caso já não transite nessas experiências infelizes.
Quando esse homem se encontra em faixas socioeconômicas menos privilegiadas, torna-se, igualmente, vítima de estados neuróticos de origem exógena, partindo para a agressividade, a violência, ou chegando aos estágios psicóticos maníacos depressivos, que avassalam larga faixa da população terrestre, especialmente nas megalópoles atuais.
A superpopulação, a diminuição dos espaços nos quais se movimentam os indivíduos, ao lado de outros fatores ponderáveis, contribui para o surgimento de enfermidade e desvarios múltiplos, assinalando as existências de formas indeléveis, perturbadoras. A óptica equivocada pela qual se permitem observar as finalidades da vida deve ser alterada, corrigida, a fim de serem encontradas e aplicadas as soluções para os problemas do ser humano em si mesmo.
Esse esforço deve ser empreendido imediatamente, estimulando-se a criatura à coragem de autoconhecer-se, de autotrabalhar-se, de crescer interiormente. A tarefa não é fácil, notadamente para quem acredita nas fugas para fora, ou cultiva os medos íntimos.
Iniciando-a nos atos da solidariedade, vai deixando que se lhe desabrochem os sentimentos nobres e esplendam à luz da vida, cada vez mais atraída pelo Divino Sol, que é Jesus Cristo, o Terapeuta que ensinou essa técnica perfeita da felicidade mediante o amor.
Vivenciando a nova atitude, amplia-se o campo evolutivo, e o mapa das experiências enriquece-se de conquistas jamais conseguidas e de alegrias até então ignoradas.
O homem de hoje, enfrentando alta soma de dissabores, angústias e incertezas, não terá outra alternativa, logo mais, exceto viajar para dentro, aproximando-se dos demais indivíduos e redescobrindo a sua imortalidade espiritual, a transitoriedade do carro orgânico, e a excelência do amor como responsável por tudo quanto existe, manifestação natural e especial de Deus.

 Manoel Philomeno de Miranda

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